Telê Santana da Silva nasceu em Itabirito, Minas Gerais, há exatos 80 anos, em 26 de julho de 1931.
Ex-jogador e ex-técnico de futebol, sua carreira começou no Itabirense Esporte Clube.
Em seguida, atuou pelo América de São João del-Rei, de onde saiu para jogar no Fluminense do Rio.
Pelo Fluminense, iniciou sua carreira sendo campeão de juvenis em 1949 e 1950 e promovido para os profissionais em 1951, treinado por Zezé Moreira.
A partir de então despontou seu melhor futebol e conseguiu suas maiores conquistas como atleta.
Atuando como ponta-direita, conquistou pelo Fluminense o Campeonato Carioca em 1951, a Copa Rio em 1952, o Torneio Rio-São Paulo em 1957, o Campeonato Carioca em 1959 e novamente o Torneio Rio-São Paulo, em 1960.
O Fluminense Campeão Carioca em 1951. Em pé: Pé de valsa, Edson, Jaminho, Castilho, Pinheiro e Lafayete. Agachados: Telê, Didi, Carlyle, Orlando e Joel. |
O Fluminense Campeão da Copa Rio em 1952. Telê Santana é o primeiro agachado da esquerda para a direita. |
O Fluminense Campeão do Rio-São Paulo em 1957. Telê Santana é o terceiro jogador sentado da esquerda para a direita. |
O Fluminense Campeão Carioca em 1959. Em pé: Clóvis, Jair Marinho, Edmilson, Altair, Castilho e Pinheiro. Agachados: Maurinho, Paulinho, Waldo, Telê e Escurinho. |
Com a camisa do Fluminense, atuou em 556 partidas, marcando 165 gols, sendo o terceiro jogador que mais atuou pelo clube tricolor e seu terceiro maior artilheiro.
Telê tinha o apelido de Fio de Esperança, que recebeu após um concurso entre os torcedores promovido pelo jornalista Mário Filho, então diretor do Jornal dos Sports.
O concurso tinha surgido como ideia do dirigente tricolor Benício Ferreira.
Na época, Telê tinha os apelidos pejorativos de Fiapo e Tarzan das Laranjeiras, em função de seu corpo franzino.
O dirigente achava que o jogador merecia algo mais honroso e deu a ideia ao amigo Mário Filho, que criou o concurso com o tema Dê um slogan para Telê Santana e ganhe 5 mil cruzeiros.
Ao seu final, mais de quatro mil sugestões tinham sido enviadas à redação do jornal.
Três leitores acabaram empatados no primeiro lugar na votação final, com as alcunhas El todas, Big Ben e Fio de Esperança.
Foi a última opção que caiu no gosto dos torcedores tricolores.
Telê se transferiu do Fluminense para o Guarani, por conta do presidente do Bugre, o carioca Jaime Silva, ser torcedor do clube carioca e ter influenciado os dirigentes cariocas a permitirem a sua transferência para Campinas.
O Guarani de Campinas em 1962. Em pé: Dimas, Ferrari, Ditinho, Hilton Porco, Eraldo e Diogo. Agachados: Telê, Ari, Paulo Leão, Tião Macalé e Osvaldo. |
Em 1963, transferiu-se para o Madureira, onde Telê Santana deu mais uma demonstração de amor ao Fluminense, quando, atuando pelo clube suburbano, marcou o único gol de sua equipe na derrota por 5 a 1 para o Flu.
Embora aquele gol não tenha influenciado no resultado, Telê chorou ao final da partida por ter feito um gol em seu clube do coração.
Foi seu único gol contra o Fluminense, e também o único contra o goleiro e grande amigo Castilho.
O Madureira em 1963. Em pé: Vermelho, Nair, Jorge, Telê Santana, Alfredo e Aloísio. Agachados: Geneci, Batista, Robertão, Homero e Alfredinho. |
Telê Santana encerrou sua carreira de jogador em 1965, no Vasco da Gama, novamente dirigido por Zezé Moreira, onde disputou apenas dois jogos e marcou seu último gol, contra a Portuguesa Santista.
Com uma visão particular de futebol, formada nos muitos anos de trabalho no Fluminense, em que não acreditava em "ganhar por ganhar" ou "ganhar a qualquer custo", Telê Santana era um intransigente defensor de um futebol diferenciado e exigente disciplinador.
Após encerrar a carreira como jogador, foi aproveitado como técnico e acabou marcando uma época de glórias e estigmas.
Começou na categoria de juvenis do Fluminense, sendo Campeão Carioca em 1968.
Em 1969 foi promovido a técnico do time profissional, sendo Campeão Carioca e formando a base do time campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1970.
O Fluminense Campeão Carioca em 1969. O técnico Telê Santana é o penúltimo, em pé, da esquerda para a direita. |
Em 1970, logo após deixar o Fluminense, Telê foi contratado pelo Atlético Mineiro.
Logo que chegou, foi Campeão Mineiro, quebrando uma série de cinco títulos do rival Cruzeiro, que ganhou de 1965 a 1969.
Em 1971, Telê comandou o time do Atlético na conquista do primeiro e recém-criado Campeonato Brasileiro de Futebol.
Em 1973, teve uma rápida passagem pelo São Paulo, retornando ao Atlético Mineiro em 1974.
Em 1976 passou pelo Botafogo e pouco tempo depois foi contratado pelo Grêmio.
Em 1977, dirigiu o histórico time do Grêmio que levou-o a recuperar a hegemonia do Campeonato Gaúcho após oito anos de domínio do Internacional.
O Grêmio Campeão Gaúcho de 1977. O técnico Telê Santana é o primeiro em pé, da esquerda para a direita. |
Após ganhar fama de bom treinador de clubes, com mais uma passagem marcante, agora pelo Palmeiras, em 1979, quando fez um time sem estrelas realizar belos jogos, foi contratado para ser técnico da Seleção Brasileira, em 1980.
Sua estreia foi contra o México, no Maracanã, vitória por 2 a 0.
Como treinador da Seleção Brasileira, classificou o Brasil para a Copa do Mundo de 1982, na Espanha.
Na Copa do Mundo, encantou a todos com um futebol bonito e envolvente, aclamado como o melhor da época.
Reconhecendo que privilegiava a técnica, escalou uma esquadra com jogadores como Zico, Sócrates e Falcão, entre outros grandes jogadores.
Entretanto, não conseguiu o almejado título mundial, que não vinha há 12 anos, deixando o comando da Seleção.
Após uma passagem pelo futebol árabe, onde foi campeão da Copa do Rei em 1983, do Campeonato da Arábia Saudita e da Copa da Ásia em 1984, além da Copa do Golfo em 1985, Telê Santana foi novamente convidado para assumir a Seleção Brasileira, no lugar de Evaristo de Macedo, faltando uma semana para a estreia nas Eliminatórias para a Copa de 1986.
O Brasil foi à Copa do Mundo do México com Telê Santana buscando valorizar a experiência, montando um time não tão vibrante, com jogadores remanescentes de 1982, alguns já em fim de carreira.
Criticado anteriormente por não exigir muita disciplina dos jogadores, voltou mais vigilante, o que resultou no corte da principal revelação do time, o ponta-direita Renato Gaúcho, do Grêmio, quando este chegou tarde à concentração.
Telê Santana perdeu a Copa do Mundo invicto, eliminado numa disputa de pênaltis contra a França.
Ficou marcado com a pecha de pé-frio por parte da imprensa brasileira, reforçada pela campanha do Atlético Mineiro no Campeonato Brasileiro do ano seguinte, quando o time treinado por Telê foi eliminado nas semifinais depois de passar invicto pela primeira fase.
Em 1988, Telê chegou mais uma vez ao título mineiro com o Atlético e no fim do ano foi treinar o Flamengo.
Após passar o ano de 1989 no time rubro-negro, Telê Santana teve uma passagem frustrante pelo Palmeiras em 1990.
Em outubro de 1990 foi contratado pelo São Paulo.
O time chegou ao vice-campeonato brasileiro, perdendo a Final para o Corinthians, o que serviu para mais uma vez trazer à tona a fama de pé-frio.
Entretanto, sagrou-se Campeão Paulista e Campeão Brasileiro pelo São Paulo em 1991.
Com a conquista do título paulista, passou a ser o único técnico brasileiro a ter conquistado os quatro principais Campeonatos Estaduais do País (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul).
Aos 60 anos, em 1991, Telê queria descansar.
Mas o título nacional e a perspectiva de disputar uma Taça Libertadores da América pelo São Paulo o motivou a continuar.
Em 1992, conquista a Taça Libertadores da América ao vencer no Morumbi, nos pênaltis, o argentino Newell's Old Boys.
Após a conquista da Libertadores, o São Paulo venceria outros três importantes torneios internacionais, na Espanha: o Troféu Tereza Herrera, o Troféu Ramon de Carranza e a Taça Cidade de Barcelona.
No dia 13 de dezembro de 1992, o São Paulo enfrentaria o Barcelona de Zubizarreta, Koeman, Laudrup, Stoichkov e do técnico Cruyff, em Tóquio, pelo título Mundial Interclubes.
A vitória por 2 a 1 consagrou o São Paulo Campeão Mundial Interclubes.
Uma semana depois, em 20 de dezembro, o São Paulo venceu o Campeonato Paulista, derrotando o Palmeiras na Final, também por 2 a 1.
Em 1993, o São Paulo de Telê Santana chega ao Bi-campeonato da Taça Libertadores ao passar pelo Universidad Católica, do Chile, na Final.
Em dezembro, o Bi-campeonato Mundial Interclubes, derrotando o Milan, de Baresi, Maldini, Donadoni e do técnico Fábio Capelo por 3 a 2.
Em 1994, os dois últimos títulos de Telê Santana, a Recopa Sul-Americana e a Copa Conmebol, pelo São Paulo.
Chegaria mais uma vez à Final da Libertadores mas perderia a decisão nos pênaltis para o Vélez Sarsfield.
Em 10 de outubro de 1995, Telê quebrava um recorde: permaneceu por cinco anos seguidos como técnico do mesmo clube, fato que não acontecia desde a década de 60, quando Lula dirigiu por sete anos o Santos.
No Campeonato Brasileiro de 1995, o São Paulo terminou em 12º. lugar.
Em 30 de dezembro de 1995, Telê Santana sofre uma isquemia cerebral, agravada por um quadro de diabetes.
A partir daí, Telê nunca mais voltou a trabalhar no futebol.
No São Paulo, foi substituído primeiro pelo auxiliar Muricy Ramalho e depois por Carlos Alberto Parreira.
Teve convites do Barcelona e do Palmeiras, mas os médicos e a família recomendaram que Telê ficasse em casa, em recuperação.
Nos dez anos seguintes, ao lado da mulher Ivonete, Telê Santana morou em Belo Horizonte e seu estado de saúde foi se agravando.
Em de março de 2006, Telê foi internado em estado grave no Hospital Felício Roxo, em Belo Horizonte, com uma infecção intestinal.
Em 21 de abril de 2006, Telê Santana morreu de falência múltipla dos órgãos, por coincidência, data da morte de outros dois mineiros que fazem parte da história do Brasil: Tancredo Neves e Tiradentes.
Assim podemos contar a vida de Telê Santana, uma pessoa acima de tudo honesta e determinada a vencer...
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