Glauber de Andrade Rocha foi um cineasta, ator e escritor nascido em Vitória da Conquista, Bahia, em 14 de março de 1939.
Filho de Adamastor Bráulio Silva Rocha e de Lúcia Mendes de Andrade Rocha, Glauber Rocha foi criado na religião da mãe, protestante, membro da Igreja Presbiteriana, por ação de missionários americanos da Missão Brasil Central.
Alfabetizado pela mãe, estudou no Colégio do Padre Palmeira, instituição transplantada pelo padre Luís Soares Palmeira de Caetité, então o principal núcleo cultural do interior do Estado.
Em 1947 mudou-se com a família para Salvador, onde seguiu os estudos no Colégio 2 de julho, dirigido pela Missão Presbiteriana, ainda hoje uma das principais escolas da cidade.
Ali, escrevendo e atuando numa peça, seu talento e vocação foram revelados para as artes performativas.
Participou em programas de rádio, grupos de teatro e cinema amadores, e até do movimento estudantil, curiosamente ligado ao Integralismo.
Começou a realizar filmagens, que logo abandonou para iniciar uma breve carreira jornalística, em que o foco era sempre sua paixão pelo cinema.
Na faculdade conheceu Helena Ignez, com quem se casou.
Sempre controvertido, escreveu e pensou cinema.
Queria uma arte engajada ao pensamento e pregava uma nova estética, uma revisão crítica da realidade.
Antes de estrear na realização de uma longa metragem (Barravento, 1962), Glauber Rocha realizou vários curtas-metragens, ao mesmo tempo que se dedicava ao cineclubismo e fundava uma produtora cinematográfica.
Deus e o diabo na terra do sol (1964), Terra em transe (1967) e O dragão da maldade contra o santo guerreiro (1969) são três filmes paradigmáticos, nos quais uma crítica social feroz se alia a uma forma de filmar que pretendia cortar radicalmente com o estilo importado dos Estados Unidos da América.
Essa pretensão era compartilhada pelos outros cineastas do Cinema Novo, corrente artística nacional liderada principalmente por Rocha e grandemente influenciada pelo movimento francês Nouvelle Vague.
Glauber Rocha foi um cineasta controvertido e incompreendido no seu tempo, além de ter sido patrulhado tanto pela direita como pela esquerda brasileira.
Era visto pela ditadura militar que se instalou no país, em 1964, como um elemento subversivo.
Ele tinha uma visão apocalíptica de um mundo em constante decadência e toda a sua obra denotava esse seu temor.
Com Barravento ele foi premiado no Festival Internacional de Cinema da Tchecoslováquia em 1963.
Um ano depois, com Deus e o diabo na terra do sol, ele conquistou o Grande Prêmio no Festival de Cinema Livre da Itália e o Prêmio da Crítica no Festival Internacional de Cinema de Acapulco.
Foi com Terra em transe que tornou-se reconhecido, conquistando o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes, o Prêmio Luis Buñuel na Espanha, o Prêmio de Melhor Filme do Locarno International Film Festival, e o Golfinho de Ouro de melhor filme do ano, no Rio de Janeiro.
Outro filme premiado de Glauber foi O dragão da maldade contra o santo guerreiro, prêmio de melhor direção no Festival de Cannes e, outra vez, o Prêmio Luiz Buñuel na Espanha.
Em 1971, com a radicalização do Regime Militar, Glauber partiu para o exílio, de onde nunca retornou totalmente.
Em 1977, viveu seu maior trauma: a morte da irmã, a atriz Anecy Rocha, que, aos 34 anos, caiu em um fosso de elevador.
Antes, outra irmã dele morreu, aos 11 anos, de leucemia.
Glauber Rocha residia há meses em Sintra, cidade de veraneio portuguesa, quando faleceu vítima de septicemia, há exatos 30 anos, em 22 de agosto de 1981, provocado por broncopneumonia que o atacava há mais de um mês, na Clínica Bambina, no Rio de Janeiro, depois de ter sido transferido de um hospital de Lisboa, onde permaneceu dezoito dias internado.
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