"Ao Congresso Nacional.
Nesta data, e por este instrumento.
Deixando com o Ministro da Justiça.
As razões de meu ato.
Renuncio ao mandato de Presidente da República.
Brasília, 25.8.61."
Fui vencido pela reação e assim deixo o governo.
Nestes sete meses cumpri o meu dever.
Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores.
Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.
Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior.
Sinto-me, porém, esmagado.
Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.
Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade.
Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.
Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional.
A mim não falta a coragem da renúncia.
Saio com um agradecimento e um apelo.
O agradecimento é aos companheiros que comigo lutaram e me sustentaram dentro e fora do governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade.
O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos meus patrícios, para todos e de todos para cada um.
Somente assim seremos dignos deste país e do mundo.
Somente assim seremos dignos de nossa herança e da nossa predestinação cristã.
Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor.
Trabalharemos todos.
Há muitas formas de servir nossa pátria.
Brasília, 25 de agosto de 1961.
Jânio Quadros.
Há exatos 50 anos...
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