quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O CAMPEONATO DO FIM DA GUERRA

Dezembro de 1945.

O mundo ainda a arder nas chamas da Guerra.

O Brasil vivia os primeiros dias após a Era Vargas.

Pernambuco sacudido na mesma frequência.

O futebol?

Vai bem, obrigado.

Pouca influência sofreu das incertezas.

Que todo o planeta vivia naquele momento.

O campeonato pernambucano de 1945 começou em abril.

O América era o atual campeão.

Foi o último título do time verde e branco.

Título conquistado com autoridade.

Batera o Náutico três vezes.

Nas três últimas partidas do campeonato de 1944.

Já disputadas em fevereiro de 1945.

O América permanecera forte.

Mantivera praticamente o mesmo time campeão da temporada anterior.

Jogadores de alto nível técnico.

Leça, Pedrinho, Edgar, Julinho, Djalma, Oséas...

A exceção foi o adeus do beque Deusdedit.

Substituído ora por Galego, ora por Barbosa.

Mas o Náutico também armou uma equipe forte.

Dirigida pelo uruguaio Aurélio Munt.

Tará deixara o Santa Cruz.

Agora vestia as cores alvi-rubras.

Considerado o melhor atacante do Nordeste.

Entrou para a história.

Foi o primeiro jogador a marcar 10 gols na mesma partida.

Quando o Náutico goleou o Flamengo de Recife por 21 a 3.

Genival, artilheiro do certame de 1943.

Trocou a camisa rubro-negra pela alvi-rubra.

O timbu também trouxe jogador do Ceará.

A mais famosa ala esquerda do futebol alencarino.

Hermenegildo e Mitotônio.

O Sport também tinha uma equipe temível.

Seu destaque era o setor defensivo.

O goleiro Manuelzinho.

E os zagueiros Chicão e Zago.

Além do médio Telesca, vindo do Fluminense do Rio.

O Santa talvez fosse o mais fraco dos quatro.

Mas ostentava uma grande estrela.

Siduca, um dos mais completos do Brasil na ala esquerda.

O campeonato era altamente competitivo e atraente.

Começou com um turno eliminatório.

Que classificava os cinco melhores clubes para a fase final.

O Sport venceu este turno eliminatório.

Perdeu apenas uma partida.

Para o surpreendente Portela.

Que acabou se classificando para a fase final.

Great Western e Flamengo foram eliminados.

A fase final começou com um clássico entre Sport e Náutico.

Vitória rubro-negra.

Que a partir dali começaria a tropeçar invariavelmente.

Perdera duas vezes para o Santa Cruz.

E outras duas para o América.

Os alvi-rubros também foram à forra.

E venceram os rubro-negros na revanche.

Náutico que passou a ser um rolo compressor.

Com exceção de uma vexaminosa goleada sofrida para o América.

O timbu aniquilou um a um seus adversários.

Não perdeu pontos contra Santa Cruz e Portela.

E devolveu as derrotas para Sport e América.

América que passou a ser o único adversário do Náutico.

Mas perdeu um jogo chave para o Portela.

Outra vez surpreendente.

E mesmo após vitórias contra Santa Cruz e Sport.

Chegava na última rodada para a disputa com o Náutico.

Com a desvantagem de dois pontos.

9 de dezembro de 1945.

Tarde de domingo.

Ilha do Retiro.

Náutico e América farão o que pode ser o último jogo do torneio.

O alvi-rubro joga pelo empate para ser campeão.

O alvi-verde precisa da vitória para forçar um jogo extra.

As duas maiores forças do campeonato.

Reeditando a final do início do ano, pela temporada de 1944.

Jogo fundamental para a história de ambas agremiações.

O Náutico abre o placar.

Tem o domínio da partida.

Maior tranquilidade de seus jogadores.

Os esmeraldinos lutam desesperadamente.

Pela virada que seria o único resultado que mantê-los-ia vivos.

Não conseguiu reeditar as exibições do início do ano.

O Náutico chegou ao segundo gol.

Sacramentou sua vitória.

Ergueu o campeonato.

O terceiro de sua história.

Também demonstrando autoridade.

Tará finalizaria como artilheiro do campeonato.

Carnaval da vitória alvi-rubra.

Sobrepujando o mesmo América.

Que lhe batera no início do ano.

A volta por cima.

Há 65 anos...

Ficha do jogo
9 de dezembro de 1945
Náutico 2 x 0 América

Estádio da Ilha do Retiro
Árbitro: João Batista da Conceição
Gols: Luiz e Genival (Náutico)

Náutico: Zeca; Sá Leitão e Célio; Sabino, Gilberto e Amaro; Plínio, Edvaldo, Tará, Genival e Luiz. Técnico: Aurélio Munt.

América: Leça; Galego e Barbosa; Pedrinho, Capuco e Astrogildo Néri; Zezinho, Julinho, Elói, Edgar e Djalma. Técnico: Álvaro Barbosa.

Jogadores e comissão técnica do Náutico campeões em 1945

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