Dezembro de 1945.
O mundo ainda a arder nas chamas da Guerra.
O Brasil vivia os primeiros dias após a Era Vargas.
Pernambuco sacudido na mesma frequência.
O futebol?
Vai bem, obrigado.
Pouca influência sofreu das incertezas.
Que todo o planeta vivia naquele momento.
O campeonato pernambucano de 1945 começou em abril.
O América era o atual campeão.
Foi o último título do time verde e branco.
Título conquistado com autoridade.
Batera o Náutico três vezes.
Nas três últimas partidas do campeonato de 1944.
Já disputadas em fevereiro de 1945.
O América permanecera forte.
Mantivera praticamente o mesmo time campeão da temporada anterior.
Jogadores de alto nível técnico.
Leça, Pedrinho, Edgar, Julinho, Djalma, Oséas...
A exceção foi o adeus do beque Deusdedit.
Substituído ora por Galego, ora por Barbosa.
Mas o Náutico também armou uma equipe forte.
Dirigida pelo uruguaio Aurélio Munt.
Tará deixara o Santa Cruz.
Agora vestia as cores alvi-rubras.
Considerado o melhor atacante do Nordeste.
Entrou para a história.
Foi o primeiro jogador a marcar 10 gols na mesma partida.
Quando o Náutico goleou o Flamengo de Recife por 21 a 3.
Genival, artilheiro do certame de 1943.
Trocou a camisa rubro-negra pela alvi-rubra.
O timbu também trouxe jogador do Ceará.
A mais famosa ala esquerda do futebol alencarino.
Hermenegildo e Mitotônio.
O Sport também tinha uma equipe temível.
Seu destaque era o setor defensivo.
O goleiro Manuelzinho.
E os zagueiros Chicão e Zago.
Além do médio Telesca, vindo do Fluminense do Rio.
O Santa talvez fosse o mais fraco dos quatro.
Mas ostentava uma grande estrela.
Siduca, um dos mais completos do Brasil na ala esquerda.
O campeonato era altamente competitivo e atraente.
Começou com um turno eliminatório.
Que classificava os cinco melhores clubes para a fase final.
O Sport venceu este turno eliminatório.
Perdeu apenas uma partida.
Para o surpreendente Portela.
Que acabou se classificando para a fase final.
Great Western e Flamengo foram eliminados.
A fase final começou com um clássico entre Sport e Náutico.
Vitória rubro-negra.
Que a partir dali começaria a tropeçar invariavelmente.
Perdera duas vezes para o Santa Cruz.
E outras duas para o América.
Os alvi-rubros também foram à forra.
E venceram os rubro-negros na revanche.
Náutico que passou a ser um rolo compressor.
Com exceção de uma vexaminosa goleada sofrida para o América.
O timbu aniquilou um a um seus adversários.
Não perdeu pontos contra Santa Cruz e Portela.
E devolveu as derrotas para Sport e América.
América que passou a ser o único adversário do Náutico.
Mas perdeu um jogo chave para o Portela.
Outra vez surpreendente.
E mesmo após vitórias contra Santa Cruz e Sport.
Chegava na última rodada para a disputa com o Náutico.
Com a desvantagem de dois pontos.
9 de dezembro de 1945.
Tarde de domingo.
Ilha do Retiro.
Náutico e América farão o que pode ser o último jogo do torneio.
O alvi-rubro joga pelo empate para ser campeão.
O alvi-verde precisa da vitória para forçar um jogo extra.
As duas maiores forças do campeonato.
Reeditando a final do início do ano, pela temporada de 1944.
Jogo fundamental para a história de ambas agremiações.
O Náutico abre o placar.
Tem o domínio da partida.
Maior tranquilidade de seus jogadores.
Os esmeraldinos lutam desesperadamente.
Pela virada que seria o único resultado que mantê-los-ia vivos.
Não conseguiu reeditar as exibições do início do ano.
O Náutico chegou ao segundo gol.
Sacramentou sua vitória.
Ergueu o campeonato.
O terceiro de sua história.
Também demonstrando autoridade.
Tará finalizaria como artilheiro do campeonato.
Carnaval da vitória alvi-rubra.
Sobrepujando o mesmo América.
Que lhe batera no início do ano.
A volta por cima.
Há 65 anos...
Ficha do jogo
9 de dezembro de 1945
Náutico 2 x 0 América
Estádio da Ilha do Retiro
Árbitro: João Batista da Conceição
Gols: Luiz e Genival (Náutico)
Náutico: Zeca; Sá Leitão e Célio; Sabino, Gilberto e Amaro; Plínio, Edvaldo, Tará, Genival e Luiz. Técnico: Aurélio Munt.
América: Leça; Galego e Barbosa; Pedrinho, Capuco e Astrogildo Néri; Zezinho, Julinho, Elói, Edgar e Djalma. Técnico: Álvaro Barbosa.
Jogadores e comissão técnica do Náutico campeões em 1945 |
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