quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

PRA CONGELAR E PRA DERRETER

RÚSSIA 2018.

QATAR 2022.

Foram anunciadas hoje as duas sedes da 21a. e 22a. Copa do Mundo de futebol. Em eleição marcada por acusações de corrupção e uma crise de credibilidade, os dois países mostraram mais força política e atrativos para convencer a Fifa e seu já polêmico Comitê Executivo. Será uma Copa para congelar. E outra para derreter... O que esperar destes Mundiais? O que eles fizeram para ser escolhidos?

COPA NA RÚSSIA

A Rússia é o país com maior área territorial do planeta. Com mais de 17 milhões de quilômetros quadrados, ocupa mais de um nono da área terrestre. É o nono país mais populoso do mundo, contando com cerca de 142 milhões de habitantes. Estabeleceu poder e influência em todo o mundo desde os tempos do Império Russo até ser o maior e principal constituinte da antiga União Soviética, o primeiro e maior Estado Socialista constitucional e reconhecido como uma superpotência. Possui uma longa tradição de excelência em todos os aspectos das artes e das ciências, bem como uma forte tradição em tecnologia. Possui um IDH elevado (0,719), uma esperança de vida de 65,5 anos e uma taxa de alfabetização próxima da totalidade da população (99,7%).

Vista de Moscou, a capital da Rússia

A Copa da Rússia tem tudo para ser um sucesso. Principalmente se os jogos forem realmente concentrados no oeste. O povo russo é apaixonado por futebol e é um admirador de competições esportivas. Todos devem contar com um sucesso de público. O frio é um fator que não prejudicará a competição. Será talvez a Copa mais fria da história, mas os termômetros não deverão impedir que as equipes demonstrem seus recursos.
  
Estádio projetado para sede da Copa de 2018, na cidade histórica de São Petesburgo

HISTÓRICO DA SELEÇÃO DA RÚSSIA

A Rússia tem pequena tradição em participação em Copas do Mundo. Foi a apenas dois Mundiais, nos Estados Unidos em 1994 e no Japão em 2002. Sua estreia inclusive foi contra o Brasil, em San Francisco, sendo derrotada por 2 a 0 pela Seleção Canarinho. Eliminada na primeira fase, aplicou uma goleada por 6 a 1 em Camarões na sua despedida, oportunidade na qual o russo Oleg Salenko marcou cinco gols, terminando como artilheiro daquele Mundial. Em 2002, outra campanha discreta, sendo eliminada novamente na primeira fase, pela Bélgica. Teve destacada participação na Eurocopa 2008, quando terminou em 3o. lugar. Não classificou-se para a Copa de 2010, sendo eliminada pela Seleção da Eslovênia.

O camaronês Roger Milla e o russo Oleg Salenko em 1994

Contudo, entre 1917 e 1991 a Federação Russa fez parte da extinta União Soviética. Essa sim uma seleção com grande tradição no futebol. Embora disputando partidas desde 1923, a União Soviética inscreveu-se para disputar suas primeiras eliminatórias apenas em 1958, classificando-se ao Mundial da Suécia. Jogando na mesma chave do Brasil, conseguiu classificação às Quartas-de-Final, oportunidade em que foi eliminada pelos donos da casa.

Brasil e União Soviética duelam na Copa de 1958, na Suécia

Em 1960 foi campeã do 1o. Campeonato Europeu de Futebol, realizado na Iugoslávia. Dois anos seguintes estava presente ao Mundial do Chile como uma das favoritas mas novamente caiu nas quartas-de-final frente aos donos da casa.

O capitão da União Soviética, Igor Netto, e a Eurocopa conquistada em 1960

Em 1964 chegaria novamente à Final da Eurocopa mas desta vez perderia o título, conquistado pela Espanha. 1966 foi a oportunidade em que a União Soviética chegou mais longe numa Copa do Mundo. Eliminando Itália e Chile na primeira fase, e a Hungria nas quartas-de-final, a equipe disputou as Semifinais contra a Alemanha Ocidental mas caiu frente a equipe de Beckenbauer e Uwe Seeler. Terminou a Copa em 4o. lugar.

União Soviética e Alemanha Ocidental fazem jogo tenso pela Semifinal da Copa do Mundo de 1966

Em 1970, jogou o quarto Mundial em sequência. Novamente chegou às quartas-de-final, eliminada nesta fase pelo Uruguai na prorrogação. Dois anos mais tarde chega novamente à Final da Eurocopa, desta vez acabou derrotada pela Alemanha Ocidental, que seria a campeã do Mundo dois anos seguintes. Não disputou o Mundial de 1974, embora fosse favorita ao disputar a repescagem contra o Chile. A delegação soviética recusou-se a disputar a partida das Eliminatórias em Santiago em protesto contra o regime ditatorial instalado no Chile naquele momento. Os chilenos foram então classificados ao Mundial. Em 1978 novamente não classificou-se para a Copa do Mundo (eliminada pela Hungria).

Volta ao Mundial em 1982, quando avança à Segunda Fase e é eliminada pela Polônia na disputa por uma vaga na Semifinal. Em 1986, no México, novamente avança da primeira fase e é eliminada nas oitavas-de-final pela Bélgica na prorrogação. Em 1988 tem, talvez, seu último momento de brilho, quando chega à Final da Eurocopa, perdendo a decisão para a Holanda de Gullit e Van Basten. Em 1990 participa pela última vez da Copa do Mundo, sendo eliminada pela primeira vez na primeira fase, num grupo que contava ainda com Argentina, Romênia e Camarões.

COPA NO QATAR

Quatro anos à frente da Copa da Rússia, será a vez do Qatar sediar o Mundial. Em decisão histórica, a FIFA cedeu aos apelos e decidiu levar pela primeira vez a Copa ao Oriente Médio.

Ocupando a costa nordeste da península arábica, o Qatar é uma país rico em petróleo e gás natural e possui um dos maiores PIB's per capita do mundo. Monarquia absoluta, o Qatar somente tornou-se independente em 1971. O clima é seco e bem quente, e o território é plano e desértico. É um dos menores países do mundo, ocupando uma área de apenas 11,4 mil quilômetros quadrados. Sua população é estimada em pouco mais de 800.000 habitantes, metade dos quais vivem na capital, Doha. O IDH é alto (0,803), a esperança de vida é de 75,6 anos e o índice de alfabetização gira em torno de 93%.

Doha, a capital do Qatar

A Copa do Qatar será certamente a mais luxuosa até então. O clima árido será o maior desafio às delegações e torcedores que estarão no Mundial. A temperatura nos meses de junho e julho, período da realização da Copa, atinge níveis altíssimos, com média de 37ºC durante a tarde e 31ºC à noite. Paraíso das construções na última década, o Catar agradou aos dirigentes da Fifa pelo investimento recente em infraestrutura, como aeroporto internacional, hotelaria e centro comercial. Outro aspecto elogiado é a opção de "Copa verde", já que seria a primeira edição sem fontes de energia que liberam carbono. Em seu projeto, o país promete desenvolver fontes limpas e renováveis para os sistemas de refrigeração dos estádios e centros de treinamento.

Luxuoso estádio a ser construído em Doha para a Copa de 2022 em formato de animal marinho

HISTÓRICO DA SELEÇÃO DO QATAR

A Seleção de futebol do Qatar tem pouquíssima expressão no cenário mundial, uma vez que jamais conseguira classificação à disputa de um Mundial. Participou pela primeira vez das Eliminatórias para a Copa do Mundo na disputa por uma vaga em 1978, na Argentina. Foi eliminada na primeira fase pelo Kuwait. Em 1982 e 1986 novamente acabaria eliminada na primeira fase.

Em 1990 chegou à Fase Final mas acabou em 3o. lugar, onde apenas os dois primeiros se classificariam ao Mundial (Coreia do Sul e Emirados Árabes se classificaram). Em 1994 voltou a ser eliminada na primeira fase. Disputa novamente a Fase Final asiática de classificação às Copas de 1998 e 2002, mas não obtém a vaga. Na tentativa de classificar-se ao Mundial de 2006 não passa da primeira fase e em 2010 chega mais uma vez à Fase Final mas não obtém classificação.

Na Copa da Ásia, contabiliza sete participações, sendo seu melhor momento no ano 2000, quando chegou às quartas-de-final e foi eliminado pela China. Foi sede do torneio de 1988 e será sede do torneio do ano que vem, programado para ocorrer entre 7 e 29 de janeiro.

A Seleção do Qatar também disputa a Copa do Golfo. Em 20 edições já realizadas do torneio, o Qatar venceu duas, ambas quando foi sede, em 1992 e 2004. Sediou também o torneio de 1976, quando ficou em terceiro lugar. Foi vice-campeão nos torneios de 1984, 1990, 1996 e 2002.

Sete brasileiros já dirigiram a Seleção do Qatar: Evaristo de Macedo (duas vezes), Procópio Cardoso, Cabralzinho, Dino Sani, Ivo Wortmann, Zé Mário e Paulo Campos.

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