terça-feira, 26 de abril de 2011

CHERNOBYL

O acidente nuclear de Chernobyl ocorreu há exatos 25 anos, no dia 26 de abril de 1986, na Usina Nuclear de Chernobyl, (originalmente chamada Vladimir Lenin) na Ucrânia, então parte da União Soviética.

Chernobyl é considerado o pior acidente da história da energia nuclear, produzindo uma nuvem de radioatividade que atingiu a União Soviética, a Europa Oriental, a Escandinávia e o Reino Unido, com a liberação de 400 vezes mais contaminação que a bomba que foi lançada sobre Hiroshima.

Grandes áreas da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia foram muito contaminadas, resultando na evacuação e reassentamento de aproximadamente 200 mil pessoas.

Cerca de 60% de radioatividade caiu em território bielorrusso.

O acidente fez crescer preocupações sobre a segurança da indústria nuclear soviética, diminuindo sua expansão por muitos anos, e forçando o governo soviético a ser menos secreto.

Os agora separados países Rússia, Ucrânia e Bielorrússia têm suportado um contínuo e substancial custo de descontaminação e cuidados de saúde devidos ao acidente de Chernobyl.

É difícil dizer com precisão o número de mortos causados pelos eventos de Chernobyl, devido às mortes esperadas por câncer, que ainda não ocorreram e são difíceis de atribuir especificamente ao acidente.

Um relatório da Organização das Nações Unidas de 2005 atribuiu 56 mortes até aquela data – 47 trabalhadores acidentados e nove crianças com câncer da tireóide – e estimou que cerca de 4000 pessoas morrerão de doenças relacionadas com o acidente.

O Greenpeace, entre outros, contesta as conclusões do estudo.

A usina de Chernobyl era situada no assentamento de Pripyat, Ucrânia, 18 quilômetros a noroeste da cidade de Chernobyl, 16 quilômetros da fronteira com a Bielorrússia, e cerca de 110 quilômetros ao norte de Kiev, a capital da Ucrânia.

A usina era composta por quatro reatores, cada um capaz de produzir um gigawatt de energia elétrica (3,2 gigawatts de energia térmica).

Em conjunto, os quatro reatores produziam cerca de 10% da energia elétrica utilizada pela Ucrânia na época do acidente.

A construção da instalação começou na década de 1970, com o reator nº. 1 comissionado em 1977, seguido pelo nº. 2 (1978), nº. 3 (1981), e nº. 4 (1983).

Dois reatores adicionais (nº. 5 e nº. 6, também capazes de produzir um gigawatt cada) estavam em construção na época do acidente.

As quatro unidades geradoras usavam um tipo de reator chamado RBMK-1000.

No sábado, 26 de abril de 1986, às 1:23:58 a.m. hora local, o quarto reator da usina de Chernobyl, conhecido como Chernobyl-4, sofreu uma catastrófica explosão de vapor que resultou em incêndio, uma série de explosões adicionais, e um derretimento nuclear.

Há duas teorias oficiais, mas contraditórias, sobre a causa do acidente.

A primeira foi publicada em agosto de 1986, e atribuiu a culpa, exclusivamente, aos operadores da usina.

A segunda teoria foi publicada em 1991 e atribuiu o acidente a defeitos no projeto do reator RBMK, especificamente nas hastes de controle.

Ambas teorias foram fortemente apoiadas por diferentes grupos, inclusive os projetistas dos reatores e o governo.

Alguns especialistas independentes agora acreditam que nenhuma teoria estava completamente certa.

Na realidade o que aconteceu foi uma conjunção das duas, sendo que a possibilidade de defeito no reator foi exponencialmente agravado pelo erro humano.

Porém o fator mais importante foi que Anatoly Dyatlov, engenheiro chefe responsável pela realização de testes nos reatores, mesmo sabendo que o reator era perigoso em algumas condições e contra os parâmetros de segurança dispostos no manual de operação, levou a efeito intencionalmente a realização de um teste de redução de potência que resultou no desastre.

A gerência da instalação era composta em grande parte de pessoal não qualificado em RBMK: o diretor, V. P. Bryukhanov, tinha experiência e treinamento em usina termo-elétrica a carvão.

Seu engenheiro chefe, Nikolai Fomin, também veio de uma usina convencional.

O próprio Anatoli Dyatlov, ex-engenheiro chefe dos reatores 3 e 4, somente tinha "alguma experiência com pequenos reatores nucleares".

Os operadores violaram procedimentos, possivelmente porque eles ignoravam os defeitos de projeto do reator.

Também outros procedimentos irregulares contribuíram para causar o acidente.

Um deles foi a comunicação ineficiente entre os escritórios de segurança (na capital, Kiev) e os operadores encarregados do experimento conduzido naquela noite.

É importante notar que os operadores desligaram muitos dos sistemas de proteção do reator, o que era proibido pelos guias técnicos publicados, a menos que houvesse mau funcionamento.

A equipe operacional planejou testar se as turbinas poderiam produzir energia suficiente para manter as bombas do líquido de refrigeração funcionando, no caso de uma perda de potência, até que o gerador de emergência, a óleo diesel, fosse ativado.

Para prevenir o bom andamento do teste do reator, foram desligados os sistemas de segurança.

Para o teste, o reator teve que ter sua capacidade operacional reduzida para 25%.

Este procedimento não saiu de acordo com planejado.

Por razões desconhecidas, o nível de potência de reator caiu para menos de 1% e por isso a potência teve que ser aumentada.

Mas 30 segundos depois do começo do teste, houve um aumento de potência repentina e inesperada.

O sistema de segurança do reator, que deveria ter parado a reação de cadeia, falhou.

Em frações de segundo, o nível de potência e temperatura subiram em demasia.

O reator ficou descontrolado.

Houve uma explosão violenta.

A cobertura de proteção, de 1000 toneladas, não resistiu.

A temperatura de mais de 2000°C derreteu as hastes de controle.

A grafite que cobria o reator pegou fogo.

Material radiativo começou a ser lançado na atmosfera.

A maior parte da radiação foi emitida nos primeiros dez dias.

Inicialmente houve predominância de ventos norte e noroeste.

No final de abril o vento mudou para sul e sudeste.

As chuvas locais frequentes fizeram com que a radiação fosse distribuída local e regionalmente.

A emissão radioativa foi cessada primeiramente no dia 6 de maio.

Contudo, no dia 15 foram detectados novos focos de incêndio e emissão radioativa.

O "sarcófago" que abriga o reator 4 foi concluído em novembro de 1986.

Ele destina-se a absorver a radiação e conter o combustível remanescente.

Considerado uma medida provisória e construído para durar de 20 a 30 anos, seu maior problema é a falta de estabilidade, pois, como foi construído às pressas, há risco de ferrugem nas vigas.

Em 1989 o governo soviético embargou a construção dos reatores 5 e 6 da Usina de Chernobyl.

Depois de várias negociações internacionais, a Usina de Chernobyl foi desativada em 12 de dezembro de 2000.

Apesar de todos os esforços, estudos científicos revelam que a população atingida pelos altos níveis de radiação sofre uma série de enfermidades.

Além disso, os descendentes dos atingidos apresentam uma grande incidência de problemas congênitos e anomalias genéticas.

Por meio dessas informações, vários ambientalistas se colocam radicalmente contra a construção de outras usinas nucleares.

O acidente, de grandes proporções, ocasionou uma reavaliação nas medidas de radioproteção adotadas até então em instalações nucleares.

Estima-se que aproximadamente 5 milhões de pessoas habitam, atualmente, áreas ainda contaminadas com material radioativo.

Um estudo médico dessa população constatou que a maior parte dessas pessoas demonstra um alto grau de ansiedade e sintomas físicos de doenças normalmente sem explicação clínica adequada.

A maior parte dessas pessoas acredita ter uma saúde mais fraca em comparação com moradores de outras áreas, que não foram expostos ao mesmo nível de radiação em decorrência do acidente.

Foi há exatos 25 anos...

Fotografia da cidade de Chernobyl após a evacuação da população.

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