quarta-feira, 23 de março de 2011

PAULO I, CZAR DA RÚSSIA

Pavel Petrovitch, o czar Paulo I da Rússia, nasceu em São Petesburgo, em 1 de outubro de 1754.

Governante excêntrico, de caráter instável e autoritário, sua condução independente dos assuntos externos da Rússia levou o país primeiramente à Segunda Coligação contra a França revolucionária em 1798 e, em 1801, à neutralidade armada contra a Inglaterra.

Paulo nasceu no palácio da czarina Isabel I, em São Petesburgo, filho do grão-duque Pedro (futuro Pedro III), sobrinho e herdeiro de Isabel, e da grã-duquesa Catarina (futura Catarina II).

Durante sua infância, Paulo foi retirado do convívio de sua mãe pela czarina Isabel.

O pequeno príncipe foi descrito como inteligente e de boa aparência.

Casou-se em 1773 com a Grã-duquesa Natalia Alexeievna, falecida em 1776 durante um parto.

Ainda em 1776 voltou a casar-se, com a Grã-duquesa Maria Feodorovna.

Quando seu primeiro filho nasceu, em 1777, sua mãe o presenteou com uma grande propriedade, onde Paulo construiu o Palácio de Pavlovsk.

Em 1783 a czarina Catarina II concedeu-lhe uma outra propriedade, em Gatchina, onde Paulo foi autorizado a manter uma brigada de soldados, aos quais ele impôs o modelo do exército prussiano.

O relacionamento entre Paulo e Catarina II, durante o reinado desta, foi áspero e distante.

O isolamento de Paulo em relação à mãe criou um abismo intransponível entre eles, que seria agravado mais tarde com seu status reduzido na corte imperial, com o favoritismo de Catarina por certos cortesãos e por sua decisão de excluí-lo da sucessão.

Sua sensação de isolamento reapareceu nas suas relações com a corte, levando-o a se opor às políticas maternas.

Mas o domínio de Catarina II sobre ele restringiu não apenas sua mobilidade como diplomata e servidor do Estado, mas também sua capacidade de governar como czar.

Embora o status de "Autocrata" dos governantes russos dependesse da satisfação da nobreza, era igualmente importante para os cortesãos permanecerem ao lado do czar.

Isso não foi diferente no reinado de Catarina II.

O poder absoluto da czarina e o delicado equilíbrio entre cortesãos e soberanos melhoraram muito o relacionamento destes com Paulo, que ignorava abertamente as opiniões de sua mãe.

Paulo protestou veementemente contra as políticas de Catarina, escrevendo uma crítica velada em "Reflexões", uma dissertação sobre a reforma militar.

Nela, Paulo ataca diretamente a guerra expansionista, em favor de uma política militar mais defensiva.

Recebido sem nenhum entusiasmo por sua mãe, "Reflexões" soou como uma ameaça à sua autoridade e aumentou ainda mais a suspeita de uma conspiração interna contra ela.

Paulo passou seus últimos anos afastado da corte imperial, satisfeito em permanecer em suas propriedades em Gatchina, praticando exercícios.

Conforme Catarina II ia envelhecendo, tornava-se menos preocupada com a presença de seu filho nas funções da corte.

Suas atenções estavam focadas em garantir que o seu neto, Alexandre I, a sucederia no trono, ao invés de seu pai.

Até 1787, porém, Catarina ainda não estava oficialmente determinada a excluir o filho da sucessão.

Após o nascimento de seus netos Alexandre e Constantino, ela imediatamente ordenou que eles fossem colocados sob seus cuidados, uma abordagem muito mais proativa do que a que teve com o próprio filho.

O fato de Catarina ser favorável a seu neto como czar, ao invés de Paulo, não era surpresa: a czarina nunca fez nenhum esforço para compreender seu filho até que ele completasse dezoito anos, nem lhe delegou nenhuma responsabilidade pela qual ele pudesse mostrar sua capacidade política e de liderança.

Catarina II morreu em 6 de novembro de 1796, um dia após ter sofrido um derrame cerebral.

A primeira providência de Paulo foi obter informações sobre o testamento de sua mãe e a possibilidade de destruí-lo, pois dizia-se que uma das disposições testamentárias da czarina determinava sua exclusão da sucessão e a ascensão ao trono de Alexandre, seu neto mais velho.

Esses medos, provavelmente, contribuíram para que Paulo promulgasse as Leis Paulinas, que estabeleciam o estrito princípio da primogenitura na Dinastia Romanov e não poderiam ser alteradas por seus sucessores.

O exército, então posicionado para atacar a Pérsia, foi chamado de volta à capital um mês após a ascensão de Paulo.

Aos rumores de sua ilegitimidade, Paulo reagiu com a demonstração de sua ascendência desde Pedro, o Grande.

Durante o primeiro ano de seu reinado, Paulo reverteu enfaticamente muitas das duras políticas de sua mãe.

Também permitiu que Alexander Radishchev, acusado de jacobinismo e o mais conhecido crítico de Catarina II, retornasse do exílio na Sibéria.

Na política externa, contrário às guerras de caráter expansionista disputadas por Catarina, preferiu seguir por um caminho mais pacífico e diplomático.

Paulo odiava os franceses antes de sua revolução em 1789 e, posteriormente, com seus republicanos e sua visão anti religiosa, passou a detestá-los ainda mais.

Ele sabia que o expansionismo francês feria os interesses da Rússia mas, ainda assim, chamou de volta as tropas de sua mãe, em virtude de sua firme oposição às guerras expansionistas.

Paulo também acreditava que a Rússia necessitava de substanciais reformas governamentais e militares, para evitar o colapso econômico e uma eventual revolução, antes de pensar em travar uma guerra em solo estrangeiro.

O mais estranho na política externa de Paulo I teria sido sua reconciliação com Napoleão quando a coalizão se desfez.
 
Recentemente, porém, vários estudiosos têm argumentado que esta radical mudança de posição se deve ao fato de Napoleão ter-se tornado imperador, afastando-se do Jacobinismo e fazendo da França uma nação mais conservadora, coerente com a visão de mundo do czar.
 
Até mesmo a decisão de Paulo de enviar um exército de cossacos para tomar a Índia britânica, por mais bizarra que pareça, faz um certo sentido, pois a Inglaterra foi quase imune a ataques diretos, sendo uma nação insular com uma marinha formidável.
 
Entretanto, os ingleses negligenciaram as proteções da Índia e teriam grande dificuldade em repelir um ataque por terra.
 
Este problema fez com que os britânicos assinassem três tratados com a Pérsia (em 1801, 1809 e 1812), para se precaver de um eventual ataque à Índia a partir da Ásia Central.
 
Os pressentimentos de Paulo sobre uma tentativa de assassinato eram bem fundadas.

Suas tentativas de forçar a nobreza a adotar um código de cavalaria alienaram muitos de seus assessores de confiança.

O czar também descobriu maquinações ultrajantes e corrupção no tesouro russo.

Apesar de ter revogado a lei de Catarina II que permitia castigos físicos às classes livres e introduzido reformas que possibilitaram mais direitos aos camponeses e melhor tratamento aos servos, a maior parte de suas políticas era vista como um grande incômodo pela nobreza e induziu seus inimigos a traçar um plano contra ele.

Uma conspiração foi organizada alguns meses antes de sua execução pelos condes Peter Ludwig von der Pahlen e Nikita Petrovich Panin e pelo hispano-napolitano José de Ribas mas, a morte deste último atrasou a execução do plano.

Na noite de 23 de março de 1801, há exatos 210 anos, Paulo I foi assassinado em seus aposentos, no recém construído Castelo Mikhailovsky, por um grupo de ex-oficiais liderados pelo general Levi von Bennigsen, cidadão de Hannover a serviço russo, e pelo general georgiano Vladimir Mikhailovich Yashvil.

Paulo I foi sucedido por seu filho Alexandre I, então com 23 anos de idade, que estava no palácio no momento do assassinato.

Paulo I, czar da Rússia

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