Synval Machado da Silva nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, há exatos 100 anos, em 14 de março de 1911.
Embora tenha aprendido muito cedo a tocar violão, instrumento no qual se desenvolveu num bom nível, despontou inicialmente aos olhos do público como clarinetista, tocando o instrumento na banda sinfônica de Juiz de Fora.
Além disso, para garantir o sustento, tornou-se mecânico de automóveis e também motorista particular.
Compôs sua primeira música em 1927, a valsa "Lua de prata".
Em 1930, mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar no Morro da Formiga.
Tocou violão no Regional de Jorge Nóbrega que era contratado da Rádio Mayrink Veiga e fez parte também do Regional Good-Bye, na mesma emissora.
Nessa época, conheceu Assis Valente que, em 1934, o apresentou àquela que iria mudar para sempre a sua vida: Carmen Miranda.
Synval tornou-se o compositor favorito de Carmen - a primeira canção gravada por ela foi "Ao voltar do samba", ainda em 1934, fazendo um grande sucesso.
Carmen prometeu dois contos de réis (um dinheirão para a época) se Synval lhe fizesse um samba que alcançasse metade do prestígio conseguido por "Ao voltar do samba".
O resultado foi "Coração", sucesso em 1935.
Carmen então ofereceu três contos de réis por nova composição, resultando dessa vez em "Adeus batucada".
A Pequena Notável gravou ainda "Saudade de você" e "Gente bamba".
Outros cantores também começaram a gravar suas músicas.
Aurora Miranda cantou a marcha "Amor! Amor!".
Orlando Silva interpretou o samba "Agora é tarde".
Odete Amaral gravou "Alma de um povo".
E o Trio de Ouro registrou o samba "Madalena se zangou", feito em parceria com Ubenor Santos.
Synval Silva participou ativamente da vida do morro e em 1940 foi um dos fundadores da Escola de Samba Império da Tijuca.
Nesse mesmo ano, Ataulfo Alves gravou o samba "Geme negro", que fez em parceria com Synval.
No início dos anos 50, o compositor esteve durante seis meses nos Estados Unidos e participou de um show, juntamente com Carmen Miranda, que percorreu todo o país, do Atlântico ao Pacífico, divertindo os soldados hospitalizados e aqueles que iriam embarcar para a Guerra da Coreia.
Voltando ao Brasil, sem conseguir viver apenas de direitos autorais, Synval voltou a trabalhar como mecânico.
Em 1967, recebeu o título de "Cidadão carioca" e o anel de Bacharel em samba, outorgado pelo Museu da Imagem e do Som em 1968.
Com o samba "Marina", defendido por Noite Ilustrada, o compositor participou da I Bienal do Samba, da TV Record, também em 1968.
Em 1972, apresentou-se em São Paulo como integrante do Batuk-Show, ao lado de Mano Décio da Viola e Xangô da Mangueira.
Gravou, em 1973, um LP para a RCA, no qual interpretava sete músicas antigas e mais "Amor e desencontro", composto com Marilene Amaral.
Único LP de Synval Silva, gravado em 1973 |
Foi o autor do samba-enredo "As minas de prata", parceria com Mauro Afonso e Jorge Melodia, com o qual a Império da Tijuca desfilou em 1974.
Pouco tempo depois se afastou da vida artística.
Synval Silva morreu pobre e em estado de semi-demência no Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1994, aos 83 anos.
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