Juan Manuel Fangio nasceu em Balcarce, na província argentina de Buenos Aires, há exatos 100 anos, em 24 de junho de 1911.
É um dos maiores nomes do automobilismo mundial, tendo sagrado-se cinco vezes campeão mundial de Fórmula 1 nos anos 50.
Filho de uma humilde família de imigrantes italianos, Fangio começou a trabalhar em uma oficina mecânica.
Juan Manuel Fangio disputou sua primeira corrida em 1929, aos dezessete anos, guiando um Ford-T, e terminou-a em último lugar.
Subiu ao pódio pela primeira vez nas mil milhas da Argentina em 1939.
Fangio demonstrou persistência e luta e se consagrou duas vezes campeão argentino (em 1940 e 1941).
A Segunda Guerra Mundial postergou os planos de Fangio em ir à Europa em busca de glórias ainda maiores.
Em 1947 finalmente desembarcou na Europa com auxílio financeiro do governo de Perón.
No Velho Mundo, Fangio pôde demonstrar toda a sua habilidade.
Contrastando com sua figura tímida e sua voz baixa, quando se posicionava detrás do volante virava um piloto fora de série.
Em meados de 1950, quando teve início a era moderna das corridas de automóveis com a estreia da Fórmula 1, Fangio pilotava um Alfa Romeo.
Foi um dos 21 pilotos a participarem da primeira corrida de Fórmula 1, o GP da Inglaterra, em 13 de maio de 1950.
Grid de largada da primeira corrida de Fórmula 1, o GP da Inglaterra de 1950. |
Largando na terceira posição, Fangio abandonou a prova na 62a. volta, terminando a corrida na 12a. posição.
Fangio chegaria à sua primeira vitória na categoria na corrida seguinte, em Mônaco, no dia 21 de maio, quando largou na pole position e completou as 100 voltas do GP em 3 horas, 13 minutos e 18 segundos.
Nesta temporada de 1950, Fangio venceria ainda as corridas da Bélgica e da França, mas perderia o título mundial para o italiano Giuseppe Farina ao abandonar a última prova do ano, o GP da Itália.
Em 1951, Fangio permanece disputando corridas pela Alfa Romeo.
Na corrida de estreia da temporada, na Suíça, Fangio consegue a pole e a vitória, seguido por Farina.
Farina venceria a prova seguinte, na Bélgica, abandonada por Fangio, mas o argentino faria novamente a pole e chegaria à vitória na terceira corrida do ano, na França, dividindo o volante com Luigi Fagioli.
Após subir ao pódio na Inglaterra e na Alemanha, corridas vencidas pelo argentino Froilán-González e pelo italiano Alberto Ascari, estes dois se tornariam seus adversários na disputa pelo título da temporada.
Após fazer a pole position, Fangio abandona o penúltimo GP, na Itália, na 39a. volta, e Ascari vence a corrida, seguido por Froilán-González e Farina.
Os quatro pilotos chegam à ultima prova da temporada com chance de título, na Espanha, mas Fangio vence, seguido por González, Farina e Ascari, e comemora o seu primeiro título mundial na Fórmula 1.
Em 1952, Fangio chegou a se inscrever para a primeira corrida da temporada, na Suíça, mas não correu.
Desistiu de disputar a temporada, somente voltando a disputar corridas no fim do ano, mais precisamente no último GP, na Itália.
Nos treinos para o GP da Itália, em Monza, ocorreu o mais grave acidente na carreira de Fangio.
Ao seguir para a Itália, fez escala em Paris, mas não pôde continuar a viagem de avião por causa do mau tempo.
Fangio não hesitou: pegou um carro e dirigiu aproximadamente 700 km até Monza.
No dia seguinte, ainda cansado, bateu o seu Maserati durante uma sessão de treinos e voou para fora do carro.
Feriu-se gravemente no pescoço.
Ficou quarenta dias internado e cinco meses com pescoço e tronco imobilizados.
Muitos chegaram a pensar que sua carreira estaria encerrada ali.
Alberto Ascari seria o campeão da temporada de 1952.
Fangio, no entanto, voltou a competir no ano seguinte.
Em 1953, Fangio participa da primeira corrida da temporada de Fórmula 1, no circuito de Buenos Aires, na Argentina.
Ascari faz a pole position e chega à vitória com a Ferrari, Fangio abandonando a corrida com a Maserati na 36a. volta.
Fangio não participa do GP de Indianápolis e abandona as duas corridas seguintes, na Holanda e na Bélgica, onde havia chegado à pole position.
Termina na segunda colocação as três corridas seguintes, na França, Inglaterra e Alemanha, mas já era tarde para se credenciar para a disputa do título, conquistado pela segunda vez consecutiva por Alberto Ascari ao vencer o GP da Inglaterra.
Fangio ainda faria uma pole position no GP da Suíça e venceria a última corrida do ano, na Itália.
Em 1954, Fangio começou o ano ainda na Maserati, equipe pela qual venceu duas das três primeiras corridas do ano, na Argentina e na Bélgica.
A partir do GP da França, Juan Manuel Fangio passou a correr pela estreante Mercedes-Benz, chegando em Reims à sua terceira vitória no ano.
Fangio faria a pole position no GP da Inglaterra, mas chegaria apenas em quarto, na última corrida vencida pelo compatriota González.
Novamente pole position no GP da Alemanha, dessa vez Fangio não deixaria escapar a vitória e confirmaria a conquista do seu segundo título mundial na corrida seguinte, com uma vitória na Suíça.
Fangio ainda faria a pole e chegaria à vitória no GP da Itália e largaria em segundo e chegaria em terceiro no GP da Espanha.
A temporada de 1955 começou com mais uma vitória de Fangio na Argentina.
Juan Manuel Fangio pilotando uma Mercedes-Benz em 1954. |
A temporada de 1955 começou com mais uma vitória de Fangio na Argentina.
Largando em terceiro, superou Ascari e González logo na primeira volta.
Fangio abandonaria a segunda corrida da temporada, com problemas no câmbio, após fazer a pole position no GP de Mônaco.
Optando por não disputar o GP de Indianápolis, Fangio venceria as duas corridas seguintes, na Bélgica e na Holanda, se aproximando bastante de seu terceiro título.
Fangio guia sua Mercedes no GP da Bélgica em 1955. |
Mesmo derrotado por seu companheiro de equipe Stirling Moss no GP da Inglaterra, Fangio chega em segundo, e garante a conquista de seu terceiro título mundial.
Fangio ainda vence a última corrida do ano, em Monza.
1956 também começa com uma vitória de Fangio na Argentina.
Passando a correr pela Ferrari, Juan Manuel Fangio leva a equipe à pole position e ao segundo lugar na corrida seguinte, em Mônaco.
Passando a correr pela Ferrari, Juan Manuel Fangio leva a equipe à pole position e ao segundo lugar na corrida seguinte, em Mônaco.
Mais uma vez optando por não disputar a corrida de Indianápolis, Fangio faz a pole position na Bélgica mas acaba abandonando a corrida.
Após chegar apenas em quarto lugar na França, o inglês Peter Collins, vencedor dos GP's da Bélgica e França, está seis pontos à frente na disputa do título.
As vitórias de Fangio nos GP's da Inglaterra e da Alemanha provocaram uma reviravolta no campeonato, pois Fangio passou a liderar com oito pontos na frente de Collins e do francês Jean Behra, ficando muito próximo do título.
Fangio confirmou a conquista de seu quarto título com a pole position e o segundo lugar no GP da Itália, três pontos à frente do inglês Stirling Moss, o vencedor da corrida.
Em 1957, Fangio volta à Maserati, e o argentino começa a temporada de forma arrasadora.
Com vitórias nos GP's da Argentina, Mônaco e França, Fangio abre dezoito pontos sobre seu seguidor mais próximo, o italiano Luigi Musso.
Fangio a bordo de sua Ferrari no GP de Mônaco em 1957. |
Após abandonar o GP da Inglaterra, Fangio confirma a conquista de seu quinto título mundial - o quarto em sequência - com vitória no GP da Alemanha, em Nürburgring.
Foi a vigésima quarta e última vitória da carreira de Juan Manuel Fangio.
Fangio cruza a linha de chegada em primeiro lugar pela última vez na carreira, no GP da Alemanha em 1957. |
Fangio ainda chegaria em segundo nos dois GP's restantes da temporada, em Pescara e em Monza, terminando o campeonato quinze pontos à frente do segundo colocado, Stirling Moss.
Juan Manuel Fangio ainda participaria da temporada de 1958 da Fórmula 1, pela Maserati.
Faria pela última vez na carreira uma pole position no GP da Argentina, terminando na quarta colocação.
Deixando de participar das corridas de Mônaco, Holanda, Indianápolis e Bélgica, Juan Manuel Fangio despediu-se da Fórmula 1 no GP da França, em Reims, largando em oitavo e chegando na quarta colocação.
Sem qualquer chance de título, o inglês Mike Hawthorn acabou como o campeão da temporada, encerrando com os quatro anos de reinado de Fangio.
Fangio foi o primeiro piloto do mundo a mostrar que a era romântica da Fórmula 1 estava para fechar o ciclo.
Isto aconteceu quando decidiu encerrar a carreira em 1958.
"Eu estava em Reims, treinando para o GP da França, quando senti que o carro estava muito instável, o que me chamou a atenção porque a grande virtude da Maserati 250F era sua estabilidade. Então cheguei ao box e perguntei ao chefe da equipe o que se passava; ele respondeu-me: 'Trocamos os amortecedores!'. Mas por quê?, perguntei. 'Porque estes nos pagam!'. Assim, naquele momento, tomei a decisão de encerrar a carreira."
Juan Manuel Fangio correu cinquenta e um GP's, obteve vinte e quatro vitórias, vinte e nove pole positions, vinte e três recordes de volta mais rápida, cinco títulos mundiais (1951, 1954, 1955, 1956 e 1957) e dois vice-campeonatos (1950 e 1953) em oito temporadas.
É o único piloto da história da Fórmula 1 que foi campeão com quatro escuderias diferentes: Alfa Romeo, Maserati, Ferrari e Mercedes-Benz.
Juan Manuel Fangio é o piloto campeão com o maior percentual de vitórias (47,06%), possui o maior percentual de títulos por temporada (62,5%), o maior percentual de poles por corridas disputadas (55,7%), o maior percentual de largadas na primeira fila (94,1%) e o maior percentual de pódios conquistados (68,6%).
Foi designado o melhor automobilista de todos os tempos pela International Racing Press Association, em 1982, no Rio de Janeiro e foi indicado ao prêmio de atleta do século.
De todos aqueles que o sucederam, o legendário Fangio declarou que só Jim Clark e Ayrton Senna se aproximaram de suas habilidades ao volante.
Juan Manuel Fangio morreu vítima de insuficiência crônica renal aos 84 anos, em 17 de julho de 1995, em Buenos Aires.
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