Não adiantaram os trinta e três títulos nacionais e a tradição de 110 anos.
O dia 26 de junho de 2011 ficará marcado como o mais trágico da história do River Plate.
O time de Buenos Aires desperdiçou uma cobrança de pênalti, não foi além do empate diante do Belgrano por 1 a 1, em pleno Monumental de Núñez, e foi rebaixado pela primeira vez no Campeonato Argentino - no jogo de ida, perdeu por 2 a 0.
Após a partida houve enfrentamentos entre a torcida do River e policiais nos arredores do estádio Monumental.
A polícia tentava conter as centenas de decepcionados torcedores com jatos de água e com a intervenção de agentes montados à cavalo.
Um carro policial foi destruído e latas de lixo incendiadas.
Parte dos cerca de 60 mil espectadores que estiveram no jogo foram mantidos por mais de 45 minutos sem poder deixar o estádio, mas isso não bastou para o clima se acalmar.
Antes mesmo do fim do jogo, a torcida se revoltou e tentou quebrar parte das arquibancadas para jogar no gramado.
Fora do Monumental, os confrontos com a polícia se seguiram, e pelo menos 25 torcedores feridos foram levados para hospitais, segundo o serviço de emergência argentino.
Além disso, estabelecimentos comerciais foram saqueados.
Dentro de campo, o desespero ao final do jogo era nítido.
O goleiro Carrizo era um dos mais desesperados e não poupava lágrimas.
Com isso, apenas Boca Juniors e Independiente estão entre os grandes que jamais deixaram a elite.
Na atual edição do torneio Clausura, o time de Juan José Lopez não foi tão mal, ao terminar em 9º. lugar.
O problema é que o sistema de rebaixamento aplicado na Argentina é diferente do que é convencionalmente usado.
Existe um ranking com a média de pontos das equipes nas últimas três temporadas.
E o River não foi nada bem neste período.
Diante disso, acabou sendo obrigado a disputar uma repescagem, chamada de "Promoción".
A pressão era grande.
A torcida se mostrou muito revoltada com os sucessivos tropeços.
No jogo de ida, por exemplo, na quarta-feira passada, vários torcedores invadiram o gramado em Córdoba e um deles chegou agredir um jogador do River.
No dia seguinte, centenas de torcedores tentaram entrar nas instalações da equipe, mas foram reprimidos pela polícia.
Para evitar prováveis brigas e vandalismo no caso de um resultado adverso, a polícia montou o maior esquema de segurança já visto em um jogo entre equipes no país.
Ao todo, 2.500 homens estavam presentes.
Aliás, o drama do River colocou a Copa América, que começa na próxima sexta-feira, em segundo plano.
Não se falava em outro assunto na Argentina.
Além de toda essa pressão por uma vitória por dois gols de diferença, o River Plate entrou em campo desfalcado de algumas peças importantes, como os zagueiros Román e Ferrari, além do volante e capitão Matías Almeyda.
Jogando em casa, não tinha alternativa e precisava atacar.
Chegou a levar susto, logo aos 4 minutos, quando o Belgrano teve um gol anulado.
No lance seguinte, porém, Pavone fez 1 a 0 para o River.
A torcida fazia sua parte e empurrava.
Em campo, o time de Juan José Lopez continuou ofensivo, criou outras oportunidades e ainda reclamou de um possível pênalti.
Foi para o intervalo com um resultado que não o ajudava.
Para o segundo tempo, o nervosismo aumentava com o passar do tempo.
O drama ficou ainda maior aos 17 minutos.
Ferrero tentou afastar o perigo, mas chutou em cima do companheiro Maidana.
A bola sobrou para Farré empatar.
O River não desistiu e teve a chance de ganhar sobrevida.
Aos 24 minutos, Pavone cobrou pênalti, mas o goleiro Olave defendeu e decretou a primeira queda da história do time de Buenos Aires.
Leandro Caruso lamenta chance perdida no jogo que valeu o rebaixamento inédito do River Plate em seus 110 anos de história. |
* Publicado no UOL às 16:54 hs.
Nenhum comentário:
Postar um comentário