segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

RAFAEL CALDERA

Rafael Antonio Caldera Rodríguez nasceu em San Felipe, Venezuela, há 95 anos, em 24 de janeiro de 1916.

Advogado, sociólogo, escritor e político venezuelano, é considerado um sábio intelectual, Presidente da República em duas ocasiões, entre 1969 e 1974, e entre 1994 e 1999.

Órfão de pais de origem espanhola, Caldera foi adotado por uma família venezuelana.

Estudou no Colégio dos Jesuítas de San Ignacio.

Realizou seus estudos superiores na Universidad Central de Venezuela (UCV), entre 1931 e 1938, na Faculdade de Ciências Jurídicas e Políticas, chegando ao doutorado.

Posteriormente ensinou sociología e legislação em várias universidades, inclusive a própria UCV.

Foi dirigente político estudantil, o que o levou à política.

Em seu currículo escolar, Caldera dominava idiomas como o francês, o inglês, o italiano, o alemão e o português.

Foi membro da Academia Venezolana de la Lengua e da Academia de Ciencias Políticas y Sociales.

Em 1936 participou da formação da Unión Nacional Estudiantil (UNE), que em 1 de outubro de 1938 transformou-se no partido político com o nome de Acción Electoral.

Rafael Caldera (centro), presidindo uma reunião da UNE.

A Acción Electoral integrou-se posteriormente ao Movimiento de Acción Nacional (MAN)  e foi legalizado em 2 de junho de 1942, sendo um dos grupos que originou em 13 de janeiro de 1946 o Partido Social Cristão COPEI.

Participou das eleições presidenciais de 1947, perdendo o pleito para o escritor e representante do Partido Social Democrata Acción Democrática (AD), Rómulo Gallegos.

Contudo, crises políticas nos anos seguintes levaram até o poder em 1952 o general Marcos Pérez Jimenez, que converteu-se em ditador, permanecendo no poder até o ano de 1958.

Após a queda de Jimenez e a constituição de um Governo Provisório, Rafael Caldera foi eleito Procurador Geral da República.

Pouco tempo depois deixou o cargo para participar das eleições presidenciais de dezembro de 1958, quando foi derrotado por Rómulo Betancourt.

Contudo, Rafael Caldera seguiu ativamente sua carreira política, sendo um dos principais líderes da oposição e postulou-se novamente à Presidência da República nas eleições de 1963 (derrotado por Raúl Leoni) e de 1968, sempre pelo partido COPEI.

Vencedor das eleições de 1968, toma posse a 11 de março de 1969.

O Presidente da Venezuela Rafael Caldera em sua primeira gestão.

Pela primeira vez um partido com minoria parlamentar consegue governar a Venezuela.

Caldera, entre suas ações, acaba com o continuísmo da doutrina dos ex-presidentes eleitos pela AD, cuja premissa era não reconhecer as ditaduras militares que governavam a maioria dos países latino-americanos.

No aspecto econômico seu governo se viu prejudicado pela inflação norte-americana, que caracterizou a primeira gestão de Richard Nixon, somada aos baixos preços do barril de petróleo, o que fez que o crescimento econômico da Venezuela nesse período fosse nulo.

Entre suas ações de destaque, está a pacificação do país com os grupos armados de esquerda.

Legalizou o Partido Comunista da Venezuela (PCV).

Iniciou a construção do complexo petroquímico El Tablazo, no estado de Zulia, inaugurou importantes obras em Caracas e concluiu a demarcação de limites com o Brasil.


O Presidente Rafael Caldera em 1972.


Terminou seu mandato em março de 1974, sendo sucedido por Carlos Andrés Pérez, representante da AD que havia vencido as eleições de dezembro de 1973.

Caldera, deixando passar os dez anos que previa a Constituição para não candidatar-se novamente, participa das eleições presidenciais de 1983, pelo COPEI, e perde para Jaime Lusinchi, da AD.

Em 1987 não tem seu nome indicado pela convenção do partido e em 1993 deixa o COPEI para se candidatar à Presidência pelo Partido Convergencia, apoiado por setores historicamente antagônicos à sua figura, como o Partido Comunista da Venezuela (PCV), Movimiento al Socialismo (MAS) e Movimiento Electoral del Pueblo (MEP).

Vence as eleições e toma posse pela segunda vez na Presidência em 2 de fevereiro de 1994.

Em seu Ministério nomeia políticos dos segmentos que o apoiaram na eleição, assim como alguns outros segmentos independentes.

Ainda em 1994 inaugura trecho do Metrô de Caracas.

Neste mesmo ano enfrenta uma forte crise financeira.

A confiança e a credibilidade dos venezuelanos e estrangeiros nas instituições bancárias foi gravemente afetada.

Cerca de 70 mil pequenas e médias empresas quebraram, fundamentalmente pelo controle de câmbio imposto pelo Governo.

Teve que enfrentar uma vertiginosa espiral inflacionária e uma baixa nas reservas monetárias.

Anunciou a suspensão temporária de algumas garantias constitucionais relacionadas à propriedade privada e à livre atividade econômica.

Dada a situação extraordinária em que as medidas foram tomadas, os meios de comunicação e a comunidade internacional toleraram os fatos, mas não o povo venezuelano.

Apesar de ter prometido durante a campanha não recorrer jamais ao Fundo Monetário Internacional (FMI), necessitou fazê-lo ante a crise econômica enfrentada.

As práticas intervencionistas aplicadas à economia do país não fizeram efeito e Caldera anuncia um programa chamado "Agenda Venezuela", que prometia restabelecer o equilíbrio macroeconômico e controlar a inflação, aplicando medidas neoliberais, de acordo com as recomendações do FMI, que até então havia resistido em adotar.

Assim, se desvalorizou a moeda em 70%, os combustíveis encareceram cerca de 800%, acelerou-se o processo de privatização de ativos do Estado e avocou-se enorme disciplina no controle dos gastos públicos.

Estas medidas não surtiram efeito devido à crise econômica mundial naquele momento.

Tornaram-se frequentes as manifestações públicas na sociedade venezuelana, que se sentia afetada negativamente.

O Presidente Rafael Caldera durante sua segunda gestão.

Nesta segunda gestão de Rafael Caldera iniciou-se um processo de abertura da exploração petrolífera aos setores privados nacionais e internacionais.

A crise mundial nos mercados de combustíveis influiu negativamente neste processo.

Devido conflitos com partidos da coalizão que o levaram ao poder, como o MAS, Caldera buscou o apoio da AD, cujos alguns membros vieram a compor o seu gabinete.

Neste período foram anistiados militares envolvidos em movimentos golpistas anteriores à sua gestão, em troca de apoio dos grupos de esquerda ao seu governo, que possuía minoria parlamentar.

Um dos anistiados, Hugo Chávez, iniciou seu próprio movimento, que se concretizou ao legalizar o partido MVR, proveniente de antigos movimentos revoltosos, culminando com a vitória do próprio Hugo Chávez nas eleições presidenciais de 1998.

Rafael Caldera passou o poder a Hugo Chávez a 2 de fevereiro de 1999.

Padecia do Mal de Parkinson e morreu dez anos depois, em Caracas, em 24 de dezembro de 2009, aos 93 anos.

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