sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

RICARDO ZAMORA

Ricardo Zamora Martínez nasceu há 110 anos, em Barcelona, Espanha, em 21 de janeiro de 1901.

Notabilizou-se como goleiro, atuando entre os anos de 1916 e 1938, tido por muitos como um dos mais habilidosos de todos os tempos na posição.

Sua roupa escura (por vezes substituída por uma camisa pólo branca) e o boné reto marcaram época no futebol espanhol.

Estreou no Real Espanyol em 1916.

Em 1919 foi para o Barcelona, onde jogaria três anos.

Ricardo Zamora em sua passagem pelo Barcelona

Em 1922, voltou ao Espanyol, mas carregou consigo a alcunha que recebeu enquanto jogador do time azul-grená: "El Divino".

Também conhecido como "O Mago", foi campeão catalão nos três anos em que ficou no Barcelona, onde ganhou duas Copas da Rei.

Durante o período em que jogou na região natal, defendeu também a Seleção da Catalunha.

Zamora defendendo o Espanyol nos anos 20

Em 1930 transferiu-se para o Real Madrid, ainda em época em que a rivalidade futebolística com a Catalunha não era tão forte.

Ainda assim, em 1936, enfureceu a torcida do Barcelona ao fazer uma incrível defesa no fim da decisão da então "Copa do Presidente", nome da Copa do Rei na curta existência da Segunda República Espanhola, contra seu ex-clube, mantendo o placar de 2 x 1 em favor dos merengues.

Era a segunda Copa nacional que Zamora ajudava o Real Madrid a vencer, tendo conquistado também um bicampeonato espanhol em 1932 e 1933, os dois primeiros do Real Madrid (cujo nome passara a ser apenas "Madrid" em 1931, com o advento da República).

Ricardo Zamora escalado numa formação do Madrid nos anos 30

Aquela decisão contra o Barcelona, tida como uma das maiores exibições de sua carreira, foi disputada em 21 de junho de 1936.

No mês seguinte, eclodiria a Guerra Civil Espanhola.

Suas conviccções políticas durante o conflito até hoje não são claras: a divulgação de sua morte, ainda naquele ano, pelo lado republicano foi usada como propaganda a favor dos partidários de Francisco Franco.

Para provar que o arqueiro esta vivo, uma milícia republicana colocou-o na prisão Modelo, onde Zamora participou de exibições de jogos de futebol.

Assim que solto, foi exilar-se brevemente na Argentina e, depois, na França, onde atuou como jogador e treinador no Nice.

Pela Seleção da Espanha, disputou os Jogos Olímpicos de 1920, em Antuérpia, obtendo a medalha de prata.

Seleção da Espanha nos Jogos Olímpicos de 1920

Disputou ao todo 46 partidas pela Seleção Espanhola, uma carreira que teve seu ponto mais baixo em um jogo no ano de 1931, quando sofreu sete gols dos violentos ingleses em Highbury.

Desconsolado, sentou-se no gramado e chorou.

Três anos depois, disputou a Copa de Mundo de 1934, na Itália.

Participou da partida em que a Espanha derrotou o Brasil por 3 a 1, defendendo um pênalti cobrado por Waldemar de Britto e desclassificando a nossa Seleção.

A cidade de Florença assistiria a uma de suas melhores exibições pela Espanha em 31 de maio de 1934, na Copa do Mundo, contra os anfitriões.

Zamora segurou o empate de 1 a 1 do tempo normal e na prorrogação das quartas-de-final, contra os italianos, mesmo após sofrer uma forte cotovelada no rosto do adversário Angelo Schiavio em uma cobrança de escanteio, no lance que originou o gol italiano (que empatou o jogo).

Os capitães da Itália, Giampiero Combi (à esquerda), e da Espanha, Ricardo Zamora (à direita), cumprimentam-se antes da partida entre ambos na Copa do Mundo de 1934

Mesmo não tendo demonstrado nenhum sinal de contusão no lance faltoso, surpeendentemente foi deixado de fora da partida-desempate, no dia seguinte, em que a Itália venceu por 1 a 0.

Em uma Copa iniciada já em mata-matas, o jogo-desempate era apenas a terceira partida dos espanhóis no torneio.

Suas duas exibições foram suficientes para fazer dele o escolhido como o melhor goleiro da Copa de 1934.

Participou ainda, em dezembro de 1938, ainda em meio à Guerra Civil, de um jogo beneficente em favor dos nacionalistas entre a Seleção Espanhola e o time da Real Sociedad.

Em 1939, um ano após deixar a carreira de jogador, iniciou a carreira de treinador.

Treinando o Atlético Aviación (atual Atlético de Madrid), foi bicampeão da Liga Espanhola em 1939-40 e 1940-41, também os dois primeiros títulos espanhóis do outro grande clube da capital espanhola.

Atlético Aviación campeão espanhol em 1941

Passou pelo Celta de Vigo, Málaga, e chegou a ser técnico da Seleção da Espanha em 1952, treinando a Fúria em dois amistosos contra Irlanda e Turquia.

Em 1954 voltou ao Celta de Vigo e em seguida treinou em duas passagens o Espanyol, no final dos anos 50.

Zamora técnico do Espanyol no fim dos anos 50

Abandonou a carreira de treinador em 1961.

O ex-goleiro que fizera a alegria de quatro torcidas rivais da Espanha morreria em Barcelona, em 8 de setembro de 1978.

Criado em 1959 pelo jornal Marca, o Troféu Zamora, entregue até hoje, é dado ao melhor goleiro do ano em atividade no futebol do país.

A premiação também foi atribuída aos goleiros menos vazados nos campeonatos espanhóis antes de 1959, de forma que Zamora levou também o prêmio que leva seu nome duas vezes, justamente nas edições 1931-32 e 1932-33, em que o então Madrid foi campeão com Zamora sofrendo apenas 15 gols em 17 partidas na primeira conquista e outros 15 gols em 17 partidas na segunda conquista.

Conquistou ao todo, como jogador, dois Campeonatos Espanhóis (pelo Madrid), cinco Copas do Rei (duas pelo Madrid, duas pelo Barcelona e uma pelo Espanyol) e a medalha de prata pela Seleção da Espanha nos Jogos Olímpicos de 1920.

Como treinador, foi Campeão Espanhol outras duas vezes pelo Atlético Aviación.

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