sexta-feira, 13 de maio de 2011

LIMA BARRETO

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro, há exatos 130 anos, em 13 de maio de 1881.

Mais conhecido como Lima Barreto, foi um jornalista e um dos mais importantes escritores libertários brasileiros.

Filho de Joaquim Henriques de Lima Barreto (mulato nascido escravo) e de Amália Augusta (filha de escrava agregada), Lima Barreto, mulato num Brasil que mal acabara de abolir oficialmente a escravatura, teve oportunidade de boa instrução escolar.

Após a morte da mãe passou a frequentar a escola pública de D. Teresa Pimentel do Amaral.

Em seguida, passou a cursar o Liceu Popular Niteroiense, após o seu padrinho, o Visconde de Ouro Preto, concordar em custear sua educação.

Lá ficará até 1894, completando o curso secundário e parte do supletivo.

Em 1895, transferiu-se para a única instituição pública de ensino secundário da época, o conceituado Colégio Pedro II, cujos estudantes eram oriundos basicamente da elite econômica.

No ano de 1895 foi admitido no curso da Escola Politécnica, no Rio de Janeiro.

Porém, foi obrigado a abandoná-lo em 1904 para assumir o sustento dos irmãos, devido à loucura que afligiu o seu pai.

Tendo sido repetidamente reprovado por não se interessar muito pelas matérias - passava as tardes na Biblioteca Nacional -, deixou de graduar-se em Mecânica.

Data dessa época a sua entrada no Ministério da Guerra como amanuense, por concurso.

O cargo, somado às muitas colaborações em diversos órgãos da imprensa escrita, garantia-lhe algum sustento financeiro.

Não obstante, o escritor cada vez mais deixava-se consumir pelo alcoolismo e por estados emocionais caracterizados por crises de profunda depressão e morbidez.

Lima Barreto começou a sua colaboração na imprensa desde estudante, em 1902, no "A quinzena alegre", depois no "Tagarela", "O diabo", e na "Revista da Época".

Em jornais de maior circulação, começou em 1905, escrevendo no "Correio da Manhã".

Daí em diante, colaborou em vários jornais e revistas, como "Fon-fon", "Floreal", "Gazeta da Tarde", "Jornal do Commercio", "Correio da Noite", "A Noite", "A lanterna", "Brás Cubas" e "O mundo literário".
Em 1909 estreou como escritor de ficção, publicando, em Portugal, o romance "Recordações do escrivão Isaías Caminha".

A narrativa de Lima Barreto nesse primeiro livro, pincelada com indisfarçáveis traços autobiográficos, mostra uma contundente crítica à sociedade brasileira, por ele considerada preconceituosa e profundamente hipócrita.

Até mesmo os bastidores da imprensa opinativa são alvo de sua narrativa mordaz, inspirados na redação do "Cartas da Tarde".

Lima Barreto foi o crítico mais agudo da época da República Velha no Brasil, rompendo com o nacionalismo ufanista e pondo a nu a roupagem da República, que manteve os privilégios de famílias aristocráticas e dos militares.

Em 1911 começou a publicação, em formato de folhetins no "Jornal do Commercio" do Rio de Janeiro, de sua mais importante obra, "Triste fim de Policarpo Quaresma", que anos mais tarde (1915) foi editado em brochura e considerado pela crítica especializada como basilar no período do Pré-Modernismo.

Entre os leitores, as duas obras anteriormente citadas alcançaram algum êxito, o que não impediu que o autor sofresse severas críticas de outros escritores da época.

Baseavam-se elas no fato de Lima Barreto fugir, conscientemente, do padrão empolado de escrever que à época vigorava.

Chamavam-no "relaxado" por não usar o português castiço e utilizar uma linguagem mais coloquial, muito própria de quem militava na imprensa.

Incomodava também o fato de seus personagens não seguirem o molde vigente, que impunha limites à criação e exaltava determinadas características psicológicas.

Não à toa viu frustradas suas tentativas de ingressar na Academia Brasileira de Letras.

A respeito de seus impiedosos críticos e inimigos, Lima Barreto acusava-os de fazerem da literatura não uma arte e sim algo mecânico, uma espécie de "continuação do exame de português jurídico".

Simpático ao anarquismo, passou a militar na imprensa socialista.

Sua vida foi atribulada pelo alcoolismo e por internações psiquiátricas, ocorridas durante suas crises severas de depressão - à época era um dos sintomas pertencentes ao diagnóstico de "neurastenia", constante de sua ficha médica - vindo a falecer em 1 de novembro de 1922, aos 41 anos de idade.

Em 1993, retomando as pesquisas realizadas por Francisco de Assis Barbosa, biógrafo do autor e principal gestor da publicação póstuma de sua obra, Bernardo de Mendonça reuniu no livro "Um longo sonho do futuro" os seus principais textos confessionais, o "Diário íntimo" e o "Diário do hospício", a artigos de jornal e a correspondência ativa, para compor um grande painel autobiográfico deste escritor que, na interpretação de muitos de seus leitores, encarna um dos maiores e inquietantes exemplos, não só do desencontro entre arte e mercado, mas das iniquidades sociais na história brasileira.

Para Lima Barreto, escrever tinha finalidade de criticar o mundo circundante para despertar alternativas renovadoras dos costumes e de práticas que, na sociedade, privilegiavam pessoas e grupos.

Para ele, o escritor tinha uma função social.

Lima Barreto

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