terça-feira, 21 de junho de 2011

COPA DO MUNDO 1986, 25 ANOS PARTE 19: OS PÊNALTIS QUE FIZERAM FALTA.


Estádio Jalisco, Guadalajara, sábado, 21 de junho de 1986.

Quartas-de-final, Copa do Mundo 1986.

Festa.

O Brasil comemorava 16 anos da conquista do tri-campeonato.

Festa.

Platini comemorava nesta data 31 anos de idade.

A Seleção Brasileira vinha em evolução naquela Copa do Mundo.

As duas vitórias magras sobre Espanha e Argélia.

Culminaram com goleadas e eliminações de Irlanda e Polônia.

Exibições que estamparam sorrisos nos torcedores brasileiros.

A França também vinha numa grande campanha.

Valorizada pela eliminação da então campeã do mundo Itália.

Numa partida com exibição de gala de Michel Platini.

Nosso grande craque não estava na melhor forma.

Zico começava a partida no banco.

Como contra Irlanda do Norte e Polônia.

Com possibilidade de substituir algum jogador.

No decorrer do segundo tempo.

O Brasil, de Carlos, não tinha tomado nenhum gol.

A França, de Bats, tinha tomado apenas um na primeira fase.

Emoções.

Um jogão.

Os capitães de Brasil e França, Edinho e Platini,
cumprimentam-se antes do duelo entre ambos em 1986.

O romeno Ioan Igna apita o seu início.

E a primeira chance é do time azul.

Amoros chuta forte à direita do gol de Carlos.

A bola balança a rede pelo lado de fora e assusta.

Aos 15 minutos o Brasil perde grande chance.

Sócrates recebe pelo meio, mata no peito.

E chuta para a defesa de Bats para o lado.

Na sobra, o próprio Sócrates domina.

Joga na área para Careca, que não consegue aproveitar.

Mas dois minutos depois o Brasil consegue chegar ao gol.

Numa boa jogada pela direita, Josimar passa para Müller.

Que troca passes com Júnior até a entrada da área.

Envolvendo rapidamente a defensiva francesa.

O último passe é de Júnior para Careca.

Que, sozinho, de frente para o gol, fuzila a meta de Bats.

É gol da Seleção Canarinho!

É gol do Brasil, Careca!

Está inaugurado o placar em Guadalajara.

16 anos depois!

O Brasil caminha para a conquista do tetra.

Muita festa nas arquibancadas!

Brasil 1 x 0 França.

Contudo, a França era muito perigosa.

Sempre!

Giresse numa jogada individual chuta sobre o gol de Carlos.

E eis que um nome começa a ser repetido no jogo.

Amoros.

O lateral francês.

Passou o jogo inteiro com liberdade pelo lado direito.

Fernandez tenta levar a França ao ataque marcado por Müller.

Numa de suas jogadas, cruzou para a área.

Carlos não segurou na dividida com um jogador francês.

A bola sobrou e Júlio César afastou para longe.

O Brasil chegou a perder uma grande chance com Müller.

Numa investida de Careca até a linha de fundo.

O atacante brasileiro cruzou para trás.

E encontrou Müller, que, vindo com tudo.

Chutou forte, de primeira, na trave.

Em seguida, Amoros desce mais uma vez e joga para a área.

Carlos segura firme.

Em outro lançamento para Amoros, Edinho trava o chute.

Na jogada seguinte pela direita, a França chega ao empate.

Amoros inicia a triangulação até Rocheteau na ponta.

Que, com espaço, caprichou no cruzamento para a área.

A bola desviou em Branco em direção ao gol.

Carlos sai, mas não consegue abafar a bola.

Que sobra na esquerda livre para Platini.

Que apenas tem o trabalho de empurrar para as redes.

É gol da França!

É gol do aniversariante do dia.

Feliz aniversário Platini!

França 1 x 1 Brasil.

É o fim do primeiro tempo.

Platini corre para comemorar o gol de empate francês.

No segundo tempo a primeira chance foi do Brasil.

Num chute potente de Júnior, Bats faz grande defesa.

A França responde.

Numa bobeira da defesa brasileira.

Rocheteau domina, vira, mas chuta para fora.

De novo a França, num cruzamento pela direita.

Stopyra sobe sozinho mas cabeceia para fora.

Outra vez a França no ataque.

Numa tabela pelo meio, Tigana surge frente a frente com Carlos.

O goleiro brasileiro garante a defesa.

Edinho e Rocheteau em disputa de bola.

E o Brasil responde com outro petardo de Júnior.

Mas Bats também garante a defesa francesa.

A partida vai ganhando em emoção.

Num cruzamento da direita do ataque brasileiro.

A bola é colocada no capricho por Josimar.

Careca sobe sozinho e cabeceia forte na trave!...

Eis que aos 26 minutos, o Brasil põe mais emoção no jogo.

Müller deixa o campo substituído por Zico.

O Galinho, em sua primeira jogada, lança Branco na área.

O lateral brasileiro corre, chega livre na área.

E então é derrubado sem dó pelo goleiro francês.

Penalidade máxima!

Está marcada!

Branco é derrubado por Bats dentro da área francesa em 1986.

Todos os brasileiros comemoram.

Mas eis que surge o pior momento brasileiro na partida.

Um Zico ainda frio, recém colocado no jogo.

É ele o jogador escolhido para bater o pênalti.

Uma escolha tola.

Que irá marcar para sempre o futebol brasileiro nesta Copa.

Zico bate fraco, a meia altura, fácil para a defesa de Bats.

Oh, Zico!

Você, a maior esperança brasileira nessa Copa!

Foi justamente o responsável pelo momento de maior angústia.

Seria apenas o primeiro pênalti brasileiro perdido nesta partida.

Zico bate o pênalti...
... e Bats cai no canto esquerdo para fazer a defesa.

França cresceu.

Bossis chutou forte num ataque pelo meio.

Carlos jogou a escanteio.

Em jogada brasileira pelo meio.

Zico tabela com Careca que chega na cara do gol de Bats.

O goleiro francês defende.

Numa jogada pela direita.

Josimar cruza na medida para Zico sozinho.

O Galinho cabeceia bem.

Mas Bats faz outra defesa milagrosa.

Duas grandes chances de vitória desperdiçadas.

A França chegou pela esquerda.

Fez a primeira substituição do jogo.

Giresse deu lugar a Ferreri, que foi em busca do gol.

Num cruzamento, Elzo despachou para longe.

A última chance do tempo regulamentar foi brasileira.

Mas Júnior, pelo lado direito, chutou torto, para longe.

Zico tenta levar o Brasil ao ataque contra a França
marcado por Battiston em 1986.

O Brasil não disputava uma prorrogação em Copas do Mundo.

Desde 1954, na Suíça, contra a Iugoslávia.

O Brasil começou a prorrogação mexendo.

Júnior deu sua vaga no jogo a Silas.

A primeira chance foi da França.

Rocheteau passou por três brasileiros e invadiu a área.

Chutou prensado.

E na sobra Stopyra chuta em cima de Branco.

O Brasil respondeu com troca de passes pelo meio.

Alemão e Elzo.

Elzo chuta por cima do gol de Bats.

Careca, em disputa de bola com Battiston
no duelo entre Brasil e França em 1986.

Em trama pela esquerda, trocam passes Careca, Branco e Silas.

O chute vem de Silas, mas por sobre o gol francês.

O Brasil insiste.

Numa jogada pelo meio, Zico lança Silas.

Que perde a oportunidade de chutar.

Mas volta atrás com Alemão.

Que também chuta por cobertura sobre o gol de Bats.

Brasileiros e franceses em disputa de bola em 1986.

Rocheteau deixa o campo para a entrada de Bellone.

O Brasil é melhor no jogo.

Pela direita, Josimar trama com Silas.

Que cruza para a área na cabeça de Sócrates.

Bats segura firme a investida brasileira.

Na reposição de bola, Branco rouba.

Invade a área e chuta cruzado.

Para outra intervenção segura de Bats.

No segundo tempo da prorrogação.

O Brasil chega pela primeira vez com Alemão.

Na ponta direita, invade a área.

Chuta forte mas Bats defende mais uma vez.

Alemão e Platini no duelo entre Brasil e França em 1986.

Em seguida a França perde a melhor chance do jogo.

Numa escapada pela direita, Bellone chega sozinho ao gol.

Carlos sai da área e comete a falta.

Bellone não cai e o juiz romeno nada marca.

O fato é que o lance atrapalhou o ataque francês.

E Elzo apareceu na cobertura para tomar a bola.

E salvar a Seleção Brasileira no lance.

Platini corre para cima do juiz.

Os franceses se revoltam.

E a última chance do jogo foi do Brasil.

Numa jogada de Careca pela direita veio o cruzamento.

Sócrates sozinho na pequena área tem a grande chance.

Não deu.

Não entrou.

A chance desperdiçada fez lamentar todos os brasileiros.

A bola escolheu o caminho da decisão por pênaltis.

Zico, num dos últimos suspiros do Brasil,
observado por Fernandez.

E vem a decisão nas penalidades.

Pela primeira vez nas Copas do Mundo para o Brasil.

A França já havia passado pela tensão em 1982.

Na semifinal, perdeu para a Alemanha em Sevilla.

Six e Bossis perderam suas cobranças.

E então chega a maior lamentação brasileira.

Sócrates é o primeiro a ir para a cobrança.

Bats faz grande defesa.

Lamento.

Bats defende o chute de Sócrates na decisão por pênaltis.

Stopyra é o primeiro a balançar as redes.

Cobrou forte, no meio do gol, mas Carlos se mexeu.

Alemão foi o primeiro brasileiro a marcar.

Na cobrança do pênalti, boa batida, no canto esquerdo.

Fora do alcance de Bats.

Amoros fez a segunda cobrança francesa.

Também no canto esquerdo, Carlos chegou perto.

Mas não conseguiu defender o tiro francês.

A França está na frente, 2 a 1.

A próxima cobrança é de Zico.

Desta vez forte, no mesmo canto esquerdo.

Bats tenta adivinhar mas erra, e o Brasil chega à igualdade.

2 a 2.

A próxima cobrança é da França.

E Bellone é o homem da bola.

A França tem muita sorte.

Bellone bate no cantinho, fora do alcance de Carlos.

A bola vai na trave, volta, e bate nas costas de Carlos.

A bola trai o goleiro brasileiro e entra no gol após bater nele.

Tristeza e lamentação.

Ainda não foi desta vez, e a França está de novo à frente.

Bellone comemora seu gol na disputa de pênaltis
contra o Brasil na Copa do Mundo de 1986.

A quarta cobrança brasileira é de Branco.

Cobrança bem feita, deslocando o goleiro francês.

Novamente tudo igual, 3 a 3.

Aí chega o drama francês no jogo.

Platini, 31 anos naquela tarde.

Beija a bola e a põe na marca do pênalti.

O craque, a bola e o gol.

Platini beija a bola antes de sua cobrança
na decisão por pênaltis contra o Brasil em 1986.

A classificação é o presente de aniversário.

Não!

Platini chuta para fora!

Por cima, muito longe do gol de Carlos!

É a esperança brasileira que está de volta.

Permanece a igualdade em 3 a 3.

A esperança de todos os brasileiros está nos pés de Júlio César.

É o zagueiro brasileiro que tem a responsabilidade.

De vencer Bats e balançar as redes francesas.

Júlio César manda um petardo na trave.

Tristeza e comoção.

Que pena.

Todas as esperanças são depositadas agora nas mãos de Carlos.

Fernandez contra Carlos.

Não deu.

A cobrança foi linda, deslocando o goleiro brasileiro.

Fernandez corrige bem o chute de Platini.

E põe a França avante às semifinais.

Fernandez desloca Carlos e elimina o Brasil da Copa de 1986.

Duro golpe para o futebol brasileiro.

A Seleção Canarinho fica mais uma vez pelo caminho.

A missão tetra comemorava infelizes 16 anos de fracassos.

Ficaria mais uma vez para quatro anos mais tarde.

Não adianta perguntar por que.

Choro e lamentação brasileiros.

É preciso ser forte.

A esperança ruiu e virou tristeza.

Tristeza estampada nos pênaltis que não soubemos converter.

Derrocada de uma Seleção que brilhou nos campos do México.

Mas não soube se desvencilhar dos caminhos tortuosos.

Que a bola e o futebol por vezes insistem em percorrer.

O Brasil inteiro chorou.

Lamentou.

Há exatos 25 anos!...



Ficha do jogo
21 de junho de 1986
França 1 x 1 Brasil

Estádio Jalisco, Guadalajara, México.
Árbitro: Ioan Igna (Romênia).
Público: cerca de 65.000 pessoas.

Gols: Careca (Brasil), 17 do primeiro tempo; Platini (França), 41 do primeiro tempo.

França: Bats; Battiston, Amoros, Bossis e Tusseau; Giresse (Ferreri), Tigana, Platini (c) e Fernandez; Rocheteau (Bellone) e Stopyra. Técnico: Henri Michel.

Brasil: Carlos; Josimar, Edinho (c), Júlio César e Branco; Júnior (Silas), Alemão, Sócrates e Elzo; Müller (Zico) e Careca. Técnico: Telê Santana.

Decisão por pênaltis:
França 4 x 3 Brasil


França: Stopyra, Amoros, Bellone e Fernandez marcaram; Platini chutou para fora.

Brasil: Alemão, Zico e Branco marcaram; Bats defendeu o chute de Sócrates e Júlio César chutou na trave.

Nenhum comentário: