quinta-feira, 21 de julho de 2011

SALVADOR DE MENDONÇA

Salvador de Menezes Drummond Furtado de Medonça nasceu em Itaboraí, Rio de Janeiro, há exatos 170 anos, em 21 de julho de 1841.

Advogado, jornalista, diplomata e escritor, Salvador de Mendonça é um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e um dos idealizadores do Movimento Republicano no país.

Filho do Comendador Salvador Furtado de Mendonça (oriundo dos Açores) e de Amália de Menezes Drummond (de família escocesa), recebeu os primeiros ensinamentos com a mãe, aprendendo línguas, música e desenho, até seus doze anos.

Em 1853 foi para o Rio de Janeiro, então capital do Império.

Estudou no Colégio Marinho e no Curiácio, este último mantido pelo Barão de Tatuphoeus que, quando findou-lhe os estudos preparatórios, o levou até a presença do Imperador Pedro II, como prêmio por seu desempenho.

Manteve desde cedo amizade com Machado de Assis e Casimiro de Abreu, tendo conhecido também escritores mais velhos, como Joaquim Manoel de Macedo que, quando da fundação do Silogeu Brasileiro, haveria de escolher por seu patrono da cadeira 20.

Em 1859 ingressou na Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo, a fim de cursar Direito.

Colabora na Revista Mensal do Ensaio Filosófico Paulistano e publica o poema Singairu, lenda das margens do Piraí, 1567, espécie de épico dos primórdios da História do Brasil.

Fundou, em 1860, junto a Teófilo Ottoni Filho, um jornal, chamado A Legenda, iniciando a carreira jornalística escrevendo críticas sociais e políticas.

Teria continuado este labor, não tivesse, ao final deste mesmo ano, perdido os pais e tendo de cuidar dos oito irmãos, dentre eles o futuro idealizador da Academia Brasileira de Letras, Lúcio de Mendonça.

Somente voltaria à capital paulista, para concluir o curso, no ano de 1867, graduando-se dois anos depois.

Colabora como redator no Diário do Rio de Janeiro, órgão pertencente a Saldanha Marinho.

Em 1861 casou-se com Amélia Clemência Lúcia de Lemos, sua primeira esposa.

Salvador de Mendonça entra para o magistério, lecionando latim, além de publicar em outros periódicos, como o Jornal do Commercio (fazendo crítica teatral) e o Correio Mercantil.

Escrevia, concomitantemente, suas peças teatrais.

Passa a lecionar História do Brasil no Colégio Pedro II, a convite do Marquês de Olinda, substituindo Manuel de Macedo, no ano de 1865.

De volta ao Rio, tendo finalmente bacharelado-se, exerce a advocacia ao lado de Saldanha Marinho, que já lhe dera apoio anteriormente e, com este, participa da fundação do Clube Republicano, do qual participou também Quintino Bocaiúva.

O Clube publica o Manifesto de 70, com um capítulo escrito por Salvador de Mendonça - Manifesto este que veio a desencadear no país o movimento republicano.

No jornal A República fizeram parte, também, Aristides Lobo, Lafayette Coutinho, Pedro Soares de Meireles e Flávio Farnense.

Durante alguns anos Mendonça foi tradutor, para a Casa Garnier e, em 1875, publicou aquele que seria seu único romance, intitulado Maraba - ano em que falece sua esposa e parte para os Estados Unidos, nomeado pelo Imperador Dom Pedro II cônsul em Baltimore.

Em 1876, Mendonça é promovido a Cônsul-Geral do Brasil nos Estados Unidos.

Em 1877 contrai segundas núpcias com a norte-americana Maria Redman.

Em 6 de julho de 1889 tinha sido enviado como ministro plenipotenciário do Brasil nos Estados Unidos, quando é proclamada a República.

Tendo sido um dos seus mais ardorosos defensores, além de um dos artífices do movimento, cuidou de fazer com que o novo regime fosse internacionalmente aceito, devendo a ele o rápido apoio norte-americano.

Continuou exercendo missões diplomáticas nos Estados Unidos, voltando a ter papel importante quando da Revolta da Armada, em 1893, assegurando a neutralidade daquele país.

Defendeu a imigração de chineses para o Brasil, ao tempo em que condenava a imigração alemã no sul.

Dedica-se à tradução e, perto de sua morte, tendo ficado cego, ainda escrevia artigos comentando a diplomacia brasileira e rememorando sua própria atuação em Washington.

O papel diplomático de Salvador de Mendonça é considerado crucial, por sua atuação junto à embaixada em Washington.

Com destaque para a consolidação das relações amistosas entre as duas nações, o tratado de comércio celebrado por seu intermédio em 1891 entre Brasil e Estados Unidos é tido como um marco deste relacionamento, junto à ampliação da presença naval.

Além de nomear diversos logradouros pelo país, o Colégio Estadual Salvador de Mendonça é uma das mais importantes e tradicionais escolas públicas de Itaboraí, sua terra natal.

Doou importante acervo de livros e documentos, que integram hoje o acervo da Biblioteca Nacional, em seção intitulada Coleção Salvador de Mendonça.

Seu papel na literatura brasileira é menos relevante.

Pouco antes de sua morte publicara Coisas do meu tempo e A situação internacional do Brasil, reunião de artigos que publicara em jornais.

Sua obra é centrada, essencialmente, na política e na crítica teatral e musical, publicada na imprensa, além da tradução de várias obras estrangeiras.

Seus poucos versos, a maioria deles ainda da época juvenil, afiliam-se ao romantismo, em sua fase final, embora já se notem a presença de elementos do naturalismo, retratando pessoas da terra e paisagens brasileiras.

No teatro sua obra mais famosa é o libreto da ópera Joana de Flandres, musicada por Carlos Gomes, fundamentado em seu próprio argumento, e que estreou a 15 de setembro de 1863.

Suas críticas teatrais eram consideradas exemplares e fundamentadas.

Quando da fundação do novo Silogeu, a 28 de janeiro de 1897, foi indicado para ocupar a cadeira de número 20 da Academia, que tem por patrono Joaquim Manuel de Macedo, como seu fundador, a quem coube escolher o nome do patrono, fazendo-o na pessoa do escritor que conhecera ainda na juventude.

Salvador de Mendonça faleceu aos 72 anos, em 5 de dezembro de 1913, no Rio de Janeiro.

Busto de Salvador de Mendonça em Itaboraí,
sua cidade natal, no estado do Rio de Janeiro.

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