domingo, 13 de fevereiro de 2011

EGITO CALCULA QUE REVOLUÇÃO CUSTOU CERCA DE US$ 6,2 BILHÕES

O governo egípcio relatou neste domingo que os protestos que começaram no dia 25 de janeiro causaram mais de U$S 6,2 bilhões em perdas, após a realização do primeiro Conselho de Ministros depois da renúncia do presidente Hosni Mubarak.

"O cálculo das perdas feito pelo banco Crédit Agricole é de US$ 310 milhões diários, durante 20 dias", disse o ministro das Finanças egípcio, Samir Radwan, em entrevista coletiva concedida ao lado do chefe do Executivo, Ahmed Shafiq, e o titular de Interior, Mahmoud Wagdi.

No entanto, Radwan ressaltou que as projeções deste banco francês estavam estimadas para baixo.

O Ministro das Finanças, que advertiu que "as consequências destes fatos são graves", precisou que o nível de atividade do setor turístico, que descreveu como o mais afetado pela revolução, se encontrava entre 6% e 8% no Mar Vermelho e entre 2% e 4% em Luxor e Assuã.

As duas cidades, situadas no sul, e a costa do Mar Vermelho, no leste, são os principais polos de atração turística do país, junto ao Museu Egípcio e as pirâmides, que ficam no Cairo.

Além disso, Radwan lembrou que este setor, que atrai uma renda anual de US$ 11 bilhões, perdeu 1,2 milhão de turistas quando começaram os protestos populares que desembocaram na queda de Mubarak.

O ministro das Finanças também advertiu que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, que tinha atingido os 5,8% e que, segundo disse, deveria chegar aos 6% no próximo ano, ia ser reduzido em entre 3,5% e 4%.

Já o primeiro-ministro, que afirmou que a situação econômica estava sob controle, pediu aos egípcios que voltassem a suas casas e postos de trabalho, destacando que a prioridade atual do Executivo é o retorno da calma após as três semanas de protestos.

Shafiq também declarou que Mubarak, que abandonou o poder na sexta-feira, se encontra na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh e que não tinha informação sobre uma possível viagem ao exterior.

Começou no dia 25 de janeiro - uma data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet, com o uso da hashtag #Jan25 no Twitter.

Naquela terça-feira, os egípcios começaram uma jornada que durou 18 dias e derrubou o presidente Hosni Mubarak.

Naquele momento, o líder que estava no poder há 30 anos ainda tinha poderes.

No dia 28, ele cortou o acesso à internet e declarou toque de recolher.

As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não iria renunciar.

Em pronunciamento, disse apenas que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população.

No dia 29, uma nova administração foi anunciada.

A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram.

A repressão continuou, e Mubarak colocou a polícia antimotins nas ruas novamente.

Nada adiantava.

A população aderia em número cada vez maior às manifestações, e a oposição começava a se movimentar.

A nova cartada do líder de 82 anos foi anunciar que não participaria das próximas eleições.

Mais uma vez sem sucesso.

No dia 2 de fevereiro, manifestantes pró e contra Mubarak travaram uma batalha campal na praça Tahrir com pedras, paus, facas e barras de ferro.

Depois, houve perseguição a jornalistas.

Os dias subsequentes foram de diálogo e protestos pacíficos.

No 17º. dia de protestos, centenas de milhares receberam no centro do Cairo a notícia de que o líder poderia, finalmente, renunciar.

O esperado pronunciamento se transformou em um balde de água fria quando Mubarak disse que não renunciaria, apesar de passar alguns poderes ao vice, Omar Suleiman.

A fúria tomou conta da praça Tahrir, e ninguém levantou acampamento.

Por fim, no final da tarde da sexta-feira, dia 11 de fevereiro, Suleiman, em um rápido pronunciamento na TV estatal, informou que Mubarak renunciava, abrindo um novo capítulo na história do Egito.

Cairo, capital do país, foi alvo de confrontos e depredação

* Publicado no Terra às 17:17 hs.

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