A missão líbia na ONU anunciou a ruptura da relação com o regime de seu país para apoiar os manifestantes, anunciou nesta segunda-feira o jornal "Los Angeles Times".
Os diplomatas, com a exceção do embaixador, tomaram esta decisão para se distanciar do governo de Muammar Gaddafi "devido às agressões do regime contra o povo líbio", destacou Adam Tarbah, um dos representantes líbios consultados pelo jornal.
"Sabemos que isso colocará nossa família em perigo, mas de todo modo, já estão em perigo", completou Tarbah.
O diplomata fez alusão ao discurso feito na noite de domingo pelo filho de Gaddafi, Saif-al-Islam, que prometeu "combater até a última bala" para colocar fim às manifestações, explicou Tarbah.
"Ele incitou a guerra civil", afirmou o diplomata líbio.
"Foi vergonhoso".
A violência na Líbia já afeta a capital, Trípoli, onde diversos edifícios públicos foram incendiados na noite deste domingo para segunda-feira, quando o filho de Gaddafi ameaçou o país com derramamento de sangue.
Até agora, ao menos 233 pessoas morreram nos protestos, segundo uma contagem da organização Human Rights Watch, para quem 60 foram mortos no domingo em Benghazi, a segunda maior cidade do país e centro da revolta popular desde 15 de fevereiro.
A Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) relatou que manifestantes antirregime assumiram o controle de cidades líbias e que militares estão desertando.
"Muitas cidades foram tomadas, principalmente no leste. Os militares estão debandando", declarou a presidente da FIDH, Souhayr Belhassen, citando principalmente Benghazi, reduto da oposição, e Syrta, cidade natal de Gaddafi.
A emissora de TV NTV, citando um trabalhador turco, informou que a cidade de Jalu, localizada cerca de 400 quilômetros ao sul de Benghazi, também foi controlada pelos opositores do regime.
"O controle está totalmente nas mãos da população. Não há forças de segurança, não há polícia. Estamos sujeitos à vontade e ao controle do povo", relatou Mustafa Karaoglu, que trabalha na cidade - de cerca de 3.500 habitantes -, onde um grupo de trabalhadores estrangeiros se mantém reclusos em seus locais de trabalho.
Benghazi, onde os protestos começaram na semana passada após a prisão de um advogado de direitos humanos e onde dezenas de pessoas foram mortas por forças de segurança, está efetivamente sob controle dos manifestantes, de acordo com alguns moradores da localidade.
O governo de Gaddafi voltou a reprimir duramente os manifestantes que pedem sua renúncia e atacou, com aviões militares que dispararam munição real, multidões que se reuniram na capital da Líbia, Trípoli, para protestar, informou nesta segunda-feira a emissora de TV árabe Al Jazeera.
Segundo especialistas, a ação poderia significar que o regime do ditador está perto do fim.
A informação foi passada por um cidadão líbio, Soula al Balaazi - que se diz um ativista da oposição -, que afirmou à TV por telefone que aviões de guerra da força aérea do país bombardeou "alguns locais de Trípoli".
No entanto, não foi possível confirmar a informação de forma independente.
Um analista da consultoria Control Risks, com sede em Londres, disse que o uso de aviões militares contra seu próprio povo indica que o fim pode estar próximo para Gaddafi.
"Isso realmente parecem ser atos derradeiros, desesperados. Se você está bombeando sua própria capital, é realmente difícil ver como você pode sobreviver", afirmou Julien Barnes-Dacey, analista da consultoria para o Oriente Médio.
"Na Líbia, mais do que em qualquer outro país da região, há um prospecto de violência grave e conflito aberto."
* Publicado no UOL às 17:52 hs.
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