Falha técnica no sistema operacional, falta de manutenção nos equipamentos, falta de investimentos, falha humana?
São perguntas que os nordestinos fazem para entender o apagão elétrico que atingiu sete estados da região na madrugada da sexta-feira.
Especialistas do setor elétrico consultados pelo Diario apontam uma conjugação de fatores que podem ter levado ao colapso do fornecimento de energia na Região Nordeste.
A ausência de uma política energética no país, o loteamento político do Ministério das Minas e Energia (MME) e a ausência de investimentos nos sistemas de transmissão das usinas hidrelétricas.
São algumas pistas que podem esclarecer porque os brasileiros ficam à mercê dos eventuais apagões.
Contundente, o professor Heitor Scalambrini, do Departamento de Energia Elétrica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), diz que há ausência completa de transparência dos gestores brasileiros.
Irônico ele afirma que "é uma piada explicar ao povo brasileiro e ao povo nordestino que uma falha num componente elétrico deixou sete estados sem energia".
E vai mais além ao citar o apagão de Bauru no ano passado, quando o MME e o Operador Nacional do Sistema (ONS) colocaram a culpa num raio e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) rebateu informando que não houve tempestade na região.
"Há vinte anos, o Ministério das Minas e Energia é loteado para o grupo de Sarney e se colocam pessoas sem qualificação técnica na gestão de uma área estratégica para o país. Existe uma miopia completa para a política energética", dispara Scalambrini.
"Há vinte anos, o Ministério das Minas e Energia é loteado para o grupo de Sarney e se colocam pessoas sem qualificação técnica na gestão de uma área estratégica para o país. Existe uma miopia completa para a política energética", dispara Scalambrini.
Ele defende o uso de fontes alternativas de energia para diversificar a matriz energética, e diz que o problema brasileiro não é de produção de energia, mas de falta de visão estratégica.
Pior: prevê que os "apagões se incorporarão ao calendário brasileiro".
Mais cauteloso, o engenheiro elétrico João Paulo Aguiar, do Instituto Ilumina, admite que ainda é cedo para apontar as causas do apagão no Nordeste.
Mais cauteloso, o engenheiro elétrico João Paulo Aguiar, do Instituto Ilumina, admite que ainda é cedo para apontar as causas do apagão no Nordeste.
Contudo, o especialista cogita a hipótese de operação errada no equipamento (relé) da subestação de energia Luiz Gonzaga que fica em Jatobá (PE), ou interferência humana errada.
Aguiar defende investimentos adicionais nos sistemas de transmissão como forma de evitar futuros incidentes.
"Cada vez mais é possível aumentar a sofisticação tecnológica e criar duplicidade nos sistemas de proteção".
"Cada vez mais é possível aumentar a sofisticação tecnológica e criar duplicidade nos sistemas de proteção".
Ele compara ao sistema elétrico de um carro: se um fusível desliga determinado circuito é recomendável colocar dois.
Para o professor Ronaldo Aquino, do Departamento de Energia Elétrica da UFPE, o que foi dito até agora pela Chesf e pelo ONS é muito genérico para identificar as causas do apagão no Nordeste.
Para o professor Ronaldo Aquino, do Departamento de Energia Elétrica da UFPE, o que foi dito até agora pela Chesf e pelo ONS é muito genérico para identificar as causas do apagão no Nordeste.
Como aconteceu fora do horário de pico do consumo, ele acredita que se trata de um problema puramente elétrico e não de sobrecarga no sistema.
"Pode ser gerado por falta de manutenção ou um acidente fortuito. Só quem pode afirmar é a Chesf ou a Aneel, que fiscaliza o sistema elétrico".
* Publicado hoje no Diario de Pernambuco.
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