Novos episódios de violência contra manifestantes anti-governo em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, foram registrados neste domingo.
Testemunhas locais disseram que a cidade é palco de um "massacre" promovido pelas forças de segurança.
Segundo médicos de hospitais locais, mais de 200 pessoas teriam morrido e ao menos 900 ficaram feridos nos últimos dias.
A ONG internacional Human Rights Watch, que vem fazendo uma contabilização das vítimas dos protestos na Líbia, afirmou ter confirmado ao menos 173 mortes desde o início dos protestos, na quarta-feira.
Mas a própria organização reconheceu que a estimativa é conservadora e que o número total de mortos pode ser bem maior.
A restrição à presença de jornalistas estrangeiros e o bloqueio aos serviços de internet nos últimos dias torna difícil a confirmação independente dos números de vítimas.
Novas mortes teriam ocorrido neste domingo, quando as pessoas que participavam de funerais de pessoas mortas na véspera teriam sido alvejados por tiros de metralhadoras e outros armamentos pesados.
Uma médica de Benghazi, identificada como Braikah, descreveu a situação na cidade como "um massacre" e descreveu à BBC como as vítimas foram levadas ao hospital Jala, onde ela trabalha.
"A maioria das vítimas tinha ferimentos a bala - 90% na cabeça, no pescoço e no peito, principalmente no coração", disse.
Segundo ela, o necrotério do hospital Jala tinha 208 corpos neste domingo, e outro hospital tinha outros 12. Porém não está claro quantos desses corpos são de vítimas da repressão aos protestos populares.
Benghazi tem concentrado os protestos contra o regime do coronel Muammar Gaddafi, no poder há quase 42 anos.
A Líbia é um dos vários países árabes ou muçulmanos a enfrentar protestos pró-democracia desde os levantes populares que levaram à queda do presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro.
Desde então, os protestos populares também forçaram a renúncia do presidente do Egito, Hosni Mubarak, no dia 11 de fevereiro.
Segundo o correspondente da BBC para o Oriente Médio Jon Leyne, os atuais protestos na Líbia são os maiores até hoje contra Gaddafi.
Apesar disso, eles parecem até agora estar concentrados na região leste do país, onde a popularidade do líder líbio é tradicionalmente mais baixa.
Até agora não foram registradas grandes manifestações contra o governo na capital do país, Trípoli.
* Publicado no UOL às 13:30 hs.
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