O presidente egípcio, Hosni Mubarak, afirmou nesta quinta-feira que quer deixar o poder, mas teme o caos no país caso o faça.
A declaração foi dada em entrevista exclusiva à emissora ABC.
Mubarak disse estar chocado com a violência dos protestos e confrontos na praça Tahrir, no centro do Cairo, mas eximiu seu governo de culpa pelos mortos e feridos.
Segundo ele, a culpa é do grupo de oposição ao governo Irmandade Muçulmana.
Questionado sobre o ataque de grupos pró-governo aos manifestantes que pedem sua saída na praça Tahrir, que começou ontem (2) e segue durante esta quinta-feira (3), o presidente disse estar "muito triste" e que "não quer ver os egípcios lutando uns contra os outros".
Mubarak permanece no palácio presidencial com a família, fortemente protegido por tropas e tanques.
Sobre o presidente americano Barak Obama, Mubarak disse que alertou o colega de que ele "não entende a cultura egípcia e o que poderia acontecer caso renunciasse".
Mais cedo, o grupo de oposição egípcio Irmandade Muçulmana disse que "rejeita categoricamente" a oferta de diálogo com o governo.
A negativa foi uma resposta a uma entrevista concedida pelo vice-presidente Omar Suleiman à TV estatal do Egito.
Suleiman insistiu em um diálogo que começou nas últimas horas, com a ausência dos principais grupos de oposição.
Os confrontos entre opositores e apoiadores do regime do presidente egípcio Hosni Mubarak continuam nesta quinta-feira e agora se espalham para os arredores da praça Tahrir, no centro do Cairo, principal foco dos protestos.
Um correspondente da Al Jazeera no Cairo informou que os confrontos estão se espalhando pelos arredores da praça.
Segundo ele, na praça Abdelmonaem Ryad, ativistas pró-Mubarak estão preparando bombas para atacar os manifestantes da oposição.
Também há relatos disparos de tiros na ponte Kasr Al Nile, próxima à praça Tahrir, segundo a Associated Press, Al-Jazeera e BBC.
Os ativistas da oposição acusam o governo de orquestrar as manifestações e convocar policiais e manifestantes pró-Mubarak para intensificar os conflitos e justificar medidas autoritárias do governo.
O porta-voz do governo, Magdy Rady, disse que culpar o governo por incitar a violência é "ficção".
"Isto (violência) derrotaria nosso esforço para restaurar a calma", disse Rady
Segundo informações do jornal britânico “The Guardian”, a empresa britânica de telecomunicação “Vodafone” está sendo acusada de enviar mensagens convocando os egípcios a defender o regime de Mubarak.
A empresa confirmou que algumas mensagens foram enviadas, mas disse que foi obrigada a enviá-las.
Na madrugada desta quinta-feira, pelo menos cinco pessoas morreram em um tiroteio na praça Tahrir.
De acordo com testemunhas, um grupo a favor do presidente do Egito, Hosni Mubarak, teria atirado contra manifestantes opositores do governo.
* Publicado no UOL às 16:49 hs.
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