quinta-feira, 31 de março de 2011

RENÉ DESCARTES

René Descartes nasceu em La Haye en Touraine (atual Descartes), na França, há exatos 415 anos, em 31 de março de 1596.

Filósofo, físico e matemático francês, foi também conhecido durante a Idade Moderna por seu nome latino Renatus Cartesius.

Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia e na ciência, mas também obteve reconhecimento matemático por sugerir a fusão da álgebra com a geometria - fato que gerou a geometria analítica e o sistema de coordenadas que hoje leva o seu nome.

Por fim, ele foi uma das figuras-chave na Revolução Científica.

Descartes, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o "pai da matemática moderna", é considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental.

Inspirou contemporâneos e várias gerações de filósofos posteriores; boa parte da filosofia escrita a partir de então foi uma reação às suas obras ou a autores supostamente influenciados por ele.

Muitos especialistas afirmam que a partir de Descartes inaugurou-se o racionalismo da Idade Moderna.

Décadas mais tarde, surgiria nas Ilhas Britânicas um movimento filosófico que, de certa forma, seria o seu oposto - o empirismo, com John Locke e David Hume.

Aos oito anos, Descartes ingressou no colégio jesuíta Royal Henry-Le-Grand, em La Flèche.

O curso durava três anos, tendo Descartes sido aluno do Padre Estevão de Noel.

Descartes reconheceu que lá havia certa liberdade, no entanto no seu "Discurso sobre o método" declara a sua decepção, não com o ensino da escola em si, mas com a tradição Escolástica, cujos conteúdos considerava confusos, obscuros e nada práticos.

Em carta a Mersenne, diz que "os Conimbres são longos, sendo bom que fossem mais breves. Crítica, aliás, já então corrente, mesmo nas escolas da Companhia de Jesus".

Descartes esteve em La Flèche por cerca de nove anos (1606-1615).

Prosseguiu depois seus estudos graduando-se em Direito, em 1616, pela Universidade de Poitiers.

No entanto, Descartes nunca exerceu o Direito, e em 1618 alistou-se no exército do Príncipe Maurício de Nassau, com a intenção de seguir carreira militar.

Mas se achava menos um ator do que um espectador: antes ouvinte numa escola de guerra do que verdadeiro militar.

Conheceu então Isaac Beeckman, que o influenciou fortemente e compôs um pequeno tratado sobre música intitulado Compendium Musicae (Compêndio de Música).

Também é dessa época (1619-1620) o Larvatus prodeo (Ut comœdi, moniti ne in fronte appareat pudor, personam induunt, sic ego hoc mundi teatrum conscensurus, in quo hactenus spectator exstiti, larvatus prodeo).

Esta declaração do jovem Descartes no preâmbulo das Cogitationes Privatae (1619) é interpretada como uma confissão que introduz o tema da dissimulação, e, segundo alguns, marca uma estratégia de separação entre filosofia e teologia.

Jean-Luc Marion, em seu artigo Larvatus pro Deo: Phénoménologie et théologie refere-se à abordagem dionisíaca do homem escondido diante de Deus (larvatus pro Deo) como justificativa teológica do filósofo que avança mascarado (larvatus prodeo).

Em 1619, viaja até a Alemanha, onde, no dia 10 de novembro, teve uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico.

Em 1622 ele retorna à França passando os anos seguintes em Paris.

Em 1628 compõe as Regulae ad directionem ingenii (Regras para a Direção do Espírito) e parte para a Holanda, onde viverá até 1649.

Em 1629, começa a redigir o Tratado do Mundo, uma obra de Física na qual aborda a sua tese sobre o heliocentrismo.

Porém, em 1633, quando Galileu é condenado pela Inquisição, Descartes abandona seus planos de publicá-lo.

Em 1637, publica três pequenos tratados científicos: "A Dióptrica", "Os Meteoros" e "A Geometria", mas o prefácio dessas obras é que faz seu futuro reconhecimento: o Discurso sobre o método.

Em 1641, aparece sua obra filosófica e metafísica mais imponente: as Meditações Sobre a Filosofia Primeira, com os primeiros seis conjuntos de Objeções e Respostas.

Os autores das objeções são: do primeiro conjunto, o teólogo holandês Johan de Kater; do segundo, Mersenne; do terceiro, Thomas Hobbes; do quarto, Arnauld; do quinto, Gassendi; e do sexto conjunto, Mersenne.

Em 1642, a segunda edição das Meditações incluía uma sétima objeção, feita pelo jesuíta Pierre Bourdin, seguida de uma Carta a Dinet.

Em 1643, o cartesianismo é condenado pela Universidade de Utrecht.

Descartes inicia a sua longa correspondência com a Princesa Isabel, filha mais velha de Frederico V e de Isabel da Boêmia.

A correspondência dura sete anos, até a morte do filósofo, em 1650.

Também no ano de 1643, Descartes publica "Os Princípios da Filosofia".

Em 1644, faz uma visita rápida à França, onde encontra Chanut, o embaixador francês junto à corte sueca, que o põe em contato com a Rainha Cristina da Suécia.

Nesta ocasião, Descartes teria declarado que o Universo é totalmente preenchido por um "éter" onipresente.

Assim, a rotação do Sol, através do éter, criaria ondas ou redemoinhos, explicando o movimento dos planetas, tal qual uma batedeira.

O éter também seria o meio pelo qual a luz se propaga, atravessando-o pelo espaço, desde o Sol até nós.

Em 1647 Descartes é premiado pelo Rei da França com uma pensão e começa a trabalhar na Descrição do Corpo Humano.

Entrevista Frans Burman em Egmond-Binnen (1648), resultando na Conversa com Burman.

Em 1649, vai à Suécia, a convite da Rainha Cristina.

Seu Tratado das Paixões, que ele dedicou a sua amiga Isabel da Boêmia, fora publicado.

René Descartes morreu de pneumonia no dia 11 de fevereiro de 1650, aos 53 anos, em Estocolmo, onde estava trabalhando como professor a convite da Rainha.

A vila no vale do Loire onde ele nasceu foi renomeada La Haye-Descartes e, posteriormente, já no final do século XX, Descartes.

O pensamento de Descartes é revolucionário para uma sociedade feudalista em que ele nasceu, onde a influência da Igreja ainda era muito forte e quando ainda não existia uma tradição de "produção de conhecimento".

Aristóteles tinha deixado um legado intelectual que o clero se encarregava de disseminar.

Foi um dos precursores do movimento racionalista e defendeu a tese de que a dúvida era o primeiro passo para se chegar ao conhecimento.

Descartes viveu numa época marcada pelas guerras religiosas entre Protestantes e Católicos na Europa - a Guerra dos Trinta Anos.

Viajou muito e viu que sociedades diferentes têm crenças diferentes, mesmo contraditórias.

Aquilo que numa região é tido por verdadeiro, é considerado ridículo, disparatado e falso em outros lugares.

Descartes viu que os costumes, a história de um povo, sua tradição cultural influenciam a forma como as pessoas pensam naquilo em que acreditam.

Descartes é considerado o primeiro filósofo moderno.

A sua contribuição à epistemologia é essencial, assim como às ciências naturais por ter estabelecido um método que ajudou no seu desenvolvimento.

Descartes criou, em suas obras "Discurso sobre o método" e "Meditações" as bases da ciência contemporânea.

O método cartesiano consiste no Ceticismo Metodológico - que nada tem a ver com a atitude cética: duvida-se de cada ideia que não seja clara e distinta.

Ao contrário dos gregos antigos e dos escolásticos, que acreditavam que as coisas existem simplesmente porque precisam existir, ou porque assim deve ser etc., Descartes instituiu a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que puder ser provado, sendo o ato de duvidar indubitável.

Baseado nisso, Descartes busca provar a existência do próprio eu (quem duvida, portanto, é sujeito de algo - ego cogito ergo sum - eu que penso, logo existo) e de Deus.

Em relação à Ciência, Descartes desenvolveu uma filosofia que influenciou muitos, até ser superada pela metodologia de Newton.

Ele sustentava, por exemplo, que o universo era pleno e não poderia haver vácuo.

Acreditava que a matéria não possuía qualidades secundárias inerentes, mas apenas qualidades primárias de extensão e movimento.

Ele dividia a realidade em "res cogitans" (consciência, mente) e "res extensa" (matéria).

Acreditava também que Deus criou o universo como um perfeito mecanismo de moção vertical e que funcionava deterministicamente sem intervenção desde então.

Matemáticos consideram Descartes muito importante por sua descoberta da geometria analítica.

Até Descartes, a geometria e a álgebra apareciam como ramos completamente separados da Matemática.

Descartes mostrou como traduzir problemas de geometria para a álgebra, abordando esses problemas através de um sistema de coordenadas.

A teoria de Descartes forneceu a base para o Cálculo de Newton e Leibniz, e então, para muito da matemática moderna.

Isso parece ainda mais incrível tendo em mente que esse trabalho foi intencionado apenas como um exemplo no seu "Discurso Sobre o Método".

René Descartes

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