sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

CORRIDA DE SÃO SILVESTRE

A Corrida Internacional de São Silvestre é a mais famosa corrida de rua no Brasil, realizada anualmente na cidade de São Paulo, no dia 31 de dezembro, dia de São Silvestre (data de morte do papa da Igreja Católica, canonizado também neste dia, anos depois, no quarto século da Era Cristã) e de onde vem o seu nome.

A corrida atualmente tem um percurso de 15 km., menos da metade de uma maratona, mas com quase todas dificuldades de uma, devido a fatores como o intenso calor do verão brasileiro e os obstáculos geográficos a serem superados pelos participantes.

Desidratação e insolação, entre outros, não são fatos raros, tanto entre os profissionais como entre amadores, a grande maioria dos participantes.

A primeira edição da Corrida de São Silvestre foi realizada há exatos 85 anos, em 31 de dezembro de 1925, quando Alfredo Gomes percorreu os 8,8 km. da prova em 33 minutos e 21 segundos e venceu a disputa.

O jornalista Cásper Líbero, um milionário que fez fortuna no início do século XX no setor de imprensa, é o idealizador e fundador do evento. Sua ideia original era utilizar a corrida como meio de promoção de seu jornal.

Na primeira edição do evento, em 1925, 60 pessoas preencheram o formulário de inscrição para participar do evento, mas apenas 48 compareceram no local e horário marcados para o evento.

Desses, apenas 37 foram oficialmente classificados, pois o regulamento da época exigia que todos os corredores cruzassem a linha de chegada em no máximo 3 minutos após a chegada do vencedor para que fossem classificados no quadro oficial da prova.

Primeira edição da Corrida de São Silvestre, em 1925

Em 1928, ano da quarta edição do evento, Líbero fundou um dos primeiros periódicos dedicados exclusivamente ao esporte no país, a "Gazeta Esportiva", que a partir de então passou a ser a organizadora e patrocinadora oficial do evento, condição que detém até os dias atuais.

A corrida tornar-se-ia o principal meio de publicidade daquela publicação esportiva.

Dado importante é o fato de que, ao contrário de outros eventos desportivos tão ou mais antigos, a Corrida de São Silvestre nunca deixou de realizar-se, nem mesmo durante a Segunda Guerra Mundial.

Originalmente restrita a homens, o regulamento original da competição também previa a participação exclusiva de cidadãos da cidade de São Paulo.

Nos anos seguintes, corredores de outras partes do país foram aceitos ao evento, mas somente em 1941 a corrida seria vencida por um corredor de fora do estado de São Paulo (José Tibúrcio dos Santos, de Minas Gerais).

Nesta época, a participação de estrangeiros era proibida. É preciso salientar que a regra bania a vinda de atletas estrangeiros para participar, mas não impedia que estrangeiros residentes na cidade de São Paulo (imigrantes) participassem.

Nesse contexto, o italiano Heitor Blasi foi o único estrangeiro a vencer a prova antes de 1947 (venceu em 1927 e 1929).

Em 1945 foi liberada a participação de estrangeiros, mas apenas para corredores convidados provenientes de outros países da América do Sul.

O sucesso das duas primeiras edições internacionais, no entanto, levou os organizadores a liberarem a participação de corredores de todo o mundo a partir de 1947.

Este ano marcou o início do período de 34 anos durante o qual nenhum brasileiro venceria a prova, o que se encerrou somente quando José João da Silva, de Pernambuco, venceu a edição de 1980 (feito que repetiria em 1985).

Apesar de ter sido aberta à participação internacional em 1945, a Corrida de São Silvestre adquiriu fama no calendário do atletismo internacional apenas em 1953, quando o corredor mais famoso da época (e, possivelmente, de todos os tempos), o tcheco Emil Zatopek, participou e venceu a corrida.

Emil Zatopek (à esquerda), premiado vencedor em 1953
Nas últimas duas décadas, quase todos os principais corredores de longa distância do mundo participaram da São Silvestre pelo menos uma vez.

A corrida permaneceria restrita a homens até 1975, quando as Nações Unidas declararam aquele ano como o Ano Internacional da Mulher.

Os organizadores da São Silvestre aproveitaram o momento para realizar a primeira corrida feminina no mesmo ano.

O evento feminino começou já com livre participação internacional, sendo a alemã Christa Valensieck a vencedora da primeira prova feminina. A primeira vitória brasileira ocorreria somente na 20ª edição da prova, quando Carmem Oliveira venceu, em 1995.

Carmen Oliveira vence a São Silvestre em 1995
Em 1993, realizou-se a primeira maratona infantil, para crianças de ambos os sexos, denominada “São Silvestrinha”.

Até 1988, a corrida era realizada à noite, geralmente iniciando-se às 23:30, de forma que os primeiros classificados cruzavam a linha de chegada por volta da meia-noite, mas o ano de 1989 foi marcado por sensíveis modificações no formato do evento.

O objetivo era cumprir as determinações da Federação de Atletismo. O horário de início da corrida foi alterado, passando às 15 horas para mulheres e às 17 horas para homens; e a distância a ser percorrida, que variava quase que anualmente (geralmente entre 6,5 e 8,8 km) foi definitivamente fixada em 15 km, o mínimo exigido pela Federação de Atletismo.

Naquele mesmo ano de 1989, a São Silvestre foi oficialmente reconhecida e incluída no calendário internacional da Federação.

O maior vencedor de todos os tempos é, no momento, Paul Tergat, do Quênia, que venceu a prova 5 vezes (1995, 1996, 1998, 1999 e 2000).

Tergat também detém o recorde para a atual distância de 15 km, marcado já em sua primeira participação no evento, de 43 minutos e 12 segundos.

Vencer a Corrida de São Silvestre representa fama instantânea no Brasil. Em decorrência de seus resultados, Paul Tergat tornou-se uma das mais conhecidas personalidades africanas no país.


Paul Tergat vence a edição do ano 2000 e passa a ser o único vencedor da Corrida de São Silvestre em cinco oportunidades


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