quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

CRACK MOTIVA AMPLA AÇÃO *

É bem-vinda a preocupação do governo federal com a explosão do consumo do crack no território nacional.

Em entrevista publicada no Correio Brasiliense, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o combate às drogas será objeto de ação conjunta.

União e estados darão as mãos na busca de estratégia capaz de conter o avanço do mal que destroi vidas, arruína famílias, alimenta o crime organizado e aumenta a violência em cidades grandes e médias.

A ação pressupõe a integração das áreas de inteligência e das polícias Federal, Civil e Militar.

Mais: além da indispensável repressão, estão previstas medidas de recuperação dos dependentes químicos.

Nada mais correto nem mais urgente.

Pesquisas falam na existência de 1,2 milhão de viciados espalhados em mais de 4 mil municípios.

As cracolândias proliferam pelos centros e periferias urbanos à luz do sol.

Adultos e crianças degradados física, moral e mentalmente perambulam desesperados em busca da satisfação do vício.

Sem conseguir atender a urgência, muitos recorrem a furtos, roubos e homicídios.

Há pouco mais de 20 anos, o custo constituía dique importante contra o avanço das drogas.

Na década de 1980, apareceu o crack.

Subproduto da cocaína, a pedra é adquirida por R$ 5.

Com ela o consumo se democratizou.

Tornou-se acessível a todas as classes sociais.

Pior: vicia ao primeiro contato e causa danos irreversíveis à saúde.

O usuário chega a perder 10kg por mês.

Barata na produção, distribuição e aquisição, a droga se disseminou com rapidez.

A popularização dificulta o combate.

O tráfico no varejo desafia os mecanismos de vigilância e apreensão.

Exige mais recursos humanos, materiais e financeiros.

Levada efetivamente a sério, a mobilização anunciada requer aumento substantivo das verbas destinadas aos programas de enfrentamento da maior tragédia social brasileira da atualidade.

Hoje, o orçamento previsto para as políticas de guerra ao crack e outros entorpecentes é de R$ 140 milhões anuais.

Há que investir não só nas estratégias de combate.

Impõe-se a ampliação da malha assistencial, que inclui clínicas de internação de viciados, unidades de apoio às famílias de dependentes e ações educativas.

Vale frisar velha sabedoria popular.

Prevenir é melhor que remediar.

Mais barato e eficaz, a previdência economiza recursos, evita danos à saúde, poupa vidas e torna a sociedade mais saudável.

Impedir que a pessoa experimente a droga constitui desafio a ser perseguido sem vacilos e sem tréguas.

A tarefa, além da ação decisiva do estado, necessita da colaboração da sociedade em geral.

Famílias, escolas, igrejas, clubes, redes sociais estão convocados a arregaçar as mangas.

A resposta vem tarde. Não pode mais ser adiada.
* Editorial publicado hoje no Diario de Pernambuco.

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