terça-feira, 11 de janeiro de 2011

ZÉ ARIGÓ

José Pedro de Freitas, o Zé Arigó, nasceu em Congonhas-MG, em 18 de outubro de 1922 (ou 1921).

Foi um médium que desenvolveu suas atividades paranormais em Congonhas durante cerca de vinte anos.

Tornou nacional e internacionalmente conhecidas as cirurgias e curas realizadas por intermédio de sua faculdade mediúnica, pela entidade que se denominava como Dr. Fritz, um médico alemão falecido em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial.

Um dos oito filhos de um sitiante, nasceu na Fazenda do Fria, a cerca de seis quilômetros de Congonhas.

Os poucos recursos da família apenas lhe asseguraram os estudos até à terceira série do atual Ensino Fundamental, no Grupo Escolar Barão de Congonhas.

Em 1936, aos quatorze anos de idade, ingressou na Companhia de Mineração de Ferro e Carvão (hoje incorporada à Companhia Vale do Rio Doce), onde trabalhou até 1942.

Neste período ganhou o apelido que o acompanharia toda a vida: "Arigó".

Nomeado servidor do IAPTC, atual INSS, trabalhou na função pública até o fim da vida.

Em 1946, então com vinte e cinco anos de idade, casou-se com Arlete André, sua prima em 4º. grau, época em que deixou a casa dos pais.

Da união nasceram seis filhos: José Tarcísio, Haroldo, Eri, Sidney, Leôncio, Antônio e Leonardo José.

À medida que nasciam os filhos do casal, por volta de 1950, Arigó começou a apresentar fortes dores de cabeça, insônia, percebendo visões (uma luz descrita como muito brilhante) e uma voz gutural (em idioma que não compreendia) que o fizeram acreditar encontrar-se à beira da loucura.

A situação perdurou por cerca de três anos, durante os quais visitou médicos e especialistas, sem melhorias.

De acordo com seus biógrafos, certo dia, em um sonho nítido, a voz que o atormentava foi percebida por Arigó como pertencendo a um personagem robusto e calvo, vestido com roupas antigas e um avental branco, supervisionando uma equipe de médicos e enfermeiros em uma grande sala cirúrgica, em torno de um paciente.

Após o sonho ter se repetido por várias vezes, o personagem apresentou-se como sendo Adolph Fritz, um médico alemão desencarnado durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), sem que tivesse completado a sua obra no plano terreno.

Embora não pudesse compreender o idioma, compreendeu a mensagem que o personagem lhe dirigia: Arigó fora escolhido como médium pelo Dr. Fritz para realizar essa obra.

Outros espíritos, de médicos e de enfermeiros desencarnados, os auxiliariam.

Ainda de acordo com os seus biógrafos, Arigó acordou desse sonho tão assustado que saiu correndo, nu, aos gritos, ganhando a rua.

Parentes e amigos trouxeram-no de volta ao lar, onde chorou copiosamente.

Procurados, os médicos procederam a exames clínicos e psicológicos, sem encontrar nada de anormal, embora as dores de cabeça e os pesadelos continuassem.

Até mesmo o padre da cidade tentou auxiliar, efetuando algumas sessões de exorcismo, sem sucesso.

Desesperado, sem encontrar uma saída, certo dia resolveu experimentar atender ao pedido do sonho: encontrando um amigo, aleijado, obrigado ao uso de muletas para andar, Arigó ordenou-lhe de súbito que largasse as muletas.

E, arrancando-as com as próprias mãos, ordenou em seguida ao amigo que caminhasse, o que ele fez, continuando a fazê-lo desse dia em diante.

A partir de então, uma força que Arigó reputava como "estranha", passou a utilizar-se de suas mãos rudes, para manejar instrumentos também rudes, em delicados procedimentos cirúrgicos, no atendimento a enfermos e aflitos.

Zé Arigó utilizava-se de facas e canivetes para extrair em rápidos procedimentos, quistos e tumores.

As incisões eram pequenas, se comparadas aos procedimentos cirúrgicos praticados à época, muitas vezes menores que o material por elas extraído.

Por vezes, durante a intervenção, Arigó ditava uma receita, datilografada por um de seus assistentes, para ser entregue ao paciente.

Entre os casos de personalidade atendidas por Arigó por volta de 1950, relaciona-se o do Senador Carlos Alberto Lúcio Bittencourt, então em campanha para reeleição por Minas Gerais.

Diagnosticado como portador de câncer nos pulmões, os médicos haviam recomendado ao Senador a imediata cirurgia, de preferência nos Estados Unidos, embora com poucas esperanças.

Optando por adiar a cirurgia para depois da campanha eleitoral, em visita a Congonhas conheceu Arigó, que havia sido líder sindical.

Impressionado com o seu carisma, o Senador convidou Arigó para juntos irem a Belo Horizonte para um comício.

Aceito o convite, ficaram hospedados juntos no mesmo hotel.

Segundo o relato do Senador, já estando recolhido ao leito em seu quarto, preocupado com a sua condição de saúde, percebeu a porta que se abria, e um vulto, que parecia ser de Arigó, entrando e acendendo a luz.

Era realmente Arigó, como constatou, que se aproximava com uma navalha na mão.

Assustado, o Senador tentou levantar-se mas sentiu-se dominado por uma prostração que o fez cair, adormecido, sobre o leito.

Na manhã seguinte, ao acordar, constatou que o seu pijama estava cortado nas costas, sujo de sangue já seco.

O tumor cancerígeno fora removido e, como confirmado mais tarde, o Senador encontrava-se plenamente restabelecido.

Apesar de possuir desenvolvida mediunidade, Arigó possuía formação católica tradicional, e seu nome, a rigor, não se associa formalmente nem ao Espiritualismo nem ao Espiritismo.

Apesar da desaprovação da Igreja Católica (com quem, entretanto, não criou inimizades) e das autoridades civis, Arigó fundou uma clínica à Rua Marechal Floriano, em Congonhas.

Nessa clínica, Arigó chegava a tratar, gratuitamente, até duzentas pessoas por dia, oriundas da região e dos diversos Estados do país, da América do Sul, da Europa e dos Estados Unidos.

À época, Congonhas chegou a estar ligada a Buenos Aires (Argentina) e a Santiago (Chile) por linha de ônibus direta e regular.

Entre as dificuldades de ordem legal enfrentadas pelo médium, destaca-se o processo instaurado em 1956 pela Associação Médica de Minas Gerais, sob a acusação de prática de curandeirismo, e pelo qual foi condenado a quinze meses de prisão (1958).

Entretanto, teve a sua pena reduzida à metade e não chegou a ser preso, uma vez que recebeu indulto do então Presidente da República, Juscelino Kubitschek, cuja filha também havia sido atendida pelo médium, sendo-lhe diagnosticados dois cálculos renais.

Anos mais tarde, responderia a novo processo, sendo condenado a 18 de novembro de 1964.

Desta vez, tendo compreendido o que era um indulto, recusou-o, sendo detido por sete meses em Conselheiro Lafaiete (MG), pelo exercício ilegal da medicina.

Continuou a prática mediúnica mesmo dentro dos muros do presídio, tendo retornado a Congonhas com prestígio ainda maior.

Nessa época, o americano Henri Belk, fundador de uma fundação para pesquisa de fenômenos paranormais, e Andrija Puharich, especialista em bioengenharia, deslocaram-se até Congonhas, acompanhados por dois intérpretes da Universidade do Rio de Janeiro e por Jorge Rizzini, conhecido pesquisador espírita brasileiro, para iniciar uma pesquisa com Arigó.

Na ocasião, o Dr. Puahrich teve extraído um lipoma de seu cotovelo esquerdo, em um procedimento indolor que consumiu apenas cinco segundos, executado com um canivete comum.

A incisão de menos de 5 centímetros, com pouco sangue, não inchou, conforme documentado nitidamente em filme (a cores) por Rizzini, vindo a cicatrizar completamente, sem infecção.

Em 1968, dois outros médicos americanos chegaram a Congonhas para complementar as pesquisas: os Drs. Laurence John e P. Aile Breveter, da William Benk Psychic Foundation.

Mesmo sem ter alcançado uma explicação conclusiva para o fenômeno, comprovaram que a prática do médium não comportava ilusionismo ou feitiçaria, declarando que 95% dos diagnósticos do médium eram corretos e que, as operações realizadas com um canivete, sem qualquer assepsia, só eram possíveis devido à sua sensibilidade, explicável apenas à luz da parapsicologia.

Os seus biógrafos registram que Arigó teve um sonho com um crucifixo negro, convencendo-se de sua morte próxima.

No dia em que faleceu, como de hábito, compareceu à sua clínica, mas avisou os pacientes que o aguardavam que necessitava ir a uma localidade próxima para buscar um carro usado, que acabara de adquirir.

Segundo o boletim de ocorrência policial, há 40 anos, na rodovia BR-040, às 12:23 hs. de 11 de janeiro de 1971, Zé Arigó, vítima de mal súbito, perdeu a direção do Chevrolet Opala que dirigia, ingressando na contra-mão, onde colidiu com um veículo do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), vindo a falecer vítima de traumatismo cerebral.

Zé Arigó

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